Filmes podem ser muito cruéis de vez em quando. Histórias podem ser de crescimento de personagem, como de destruição do mesmo. E eventualmente essas jornadas tomam rumos que chocam aqueles que se identificam. É o meu caso em relação a este O Anjo Azul.
É engraçado que este venha logo depois de A Caixa de Pandora na lista dos 1001 Filmes para se Ver antes de Morrer. Se aquele buscava mostrar como a sexualidade feminina é errada, este tem outra vilanização da mulher, mas a forma como a relação dela com o homem é feita altera o valor negativo.
É fato que a personagem Lola (Marlene Dietrich) é a causa da ruína do protagonista Immanuel Rath (Emil Jannings). Porém, é óbvio que ele também tem culpa pela própria tragédia. Professor respeitado da comunidade em que vive, ele vai investigar a fuga de alunos em um show burlesco de um lugar chamado Anjo Azul.
Lá, conhece Lola, que fica fascinada com o respeito que ele mostra ter com ela. Enquanto isso, o carinho surpreendente de uma mulher tão bela e mais nova o conquista aos poucos. Na verdade, por mais da metade da duração, O Anjo Azul é uma produção muito tenra sobre pessoas que descobrem um tipo de alegria na companhia um do outro.
É justamente o que faz com que a decadência que ocorre em seguida seja tão trágica. Enquanto os colegas de Rath, os de Lola e até a própria artista avisam o professor das consequências do relacionamento, esta se revela de forma chocante. E o diretor, Joseph von Sternberg, não tem piedade com o personagem.
Enquanto ele está no ápice, faz questão de representá-lo pequeno no cenário, com o olhar para cima. Em diversos momentos, a figura dele é comparada, por meio de alegorias, com a de um palhaço mudo. Eventualmente ele assume o cargo em uma cena histriônica que o reduz a uma galinha descerebrada. E para o crítico que se identificou com o momento, foi doloroso assistir.
O arquivo não está mais disponível 🙁 Poderiam consertar?
Não estamos mais postando os filmes no site. Sinto muito.