Depois de mais de 30 anos da invenção do cinema, as plateias do mundo ficaram chocadas quando assistiram a este O Cantor de Jazz. De repente, alguém teve a ideia de usar a película em que os filmes eram capturados para marcar linhas de som. Foi preciso aumentar o número de imagens por segundo (antes, variavam de 12 para 16) e adaptar salas em todo o globo, mas esta foi a primeira vez que as pessoas testemunharam uma produção audiovisual.
E é basicamente isso que O Cantor de Jazz tem de relevante. A trama sobre um cantor dividido entre a herança judaica e a paixão pelo jazz pode até remeter às transformações da sociedade americana em suas origens, mas não faz dele uma grande obra. Inclusive, quando utiliza como representação da integração judaica à cultura estadunidense, um homem que faz black face.
O recurso é inaceitável atualmente por boas razões. E a forma como O Cantor de Jazz o usa é uma delas. Um homem branco se passa por negro para interpretar alguém daquela cor em uma peça. O jazz é muito relacionado com os negros dos Estados Unidos e fazer isso em um filme é quase como se os brancos substituíssem os conterrâneos e roubassem a identidade cultural deles.
Só por isso, O Cantor de Jazz mais me incomoda do que agrada. Ainda é uma produção que busca peso no melodrama e nas origens teatrais do cinema, que são linguagens difíceis de acertar e que cansam. Infelizmente, também é um dos poucos filmes da década de 1920 que têm direitos no youtube, o que torna mais difícil assistir. Se quiser, pague o aluguel do site de vídeos no link abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=rqQnUmKXpBQ