Eu estava esperando muito por essa hora. O momento em que o Buster Keaton iria aparecer na lista dos 1001 filmes. Fazem anos que ouço falar do comediante e desde então eu tive interesse em ver suas obras. Com a lista, a motivação para tirar a bunda da cadeira e assistir a uma delas veio à tona. E que alegria foi descobrir o cinema de Keaton.
Will McKay (Keaton) é um inocente jovem crescido na Nova Iorque do começo do século XIX e vive com sua mãe. Ele recebe uma notificação informando que deve ir tomar posse de uma antiga propriedade da família no sul do país. Antes de partir, a mãe o avisa de uma antiga rivalidade da família com outra na região. Só de mencionar seu sobrenome por lá, Will pode acabar morto. Durante a viagem, ele se envolve com outra passageira do trem. Os dois só descobrem que são de famílias inimigas quando ele vai para um jantar com o pai e os irmãos dela, que querem matá-lo.
Romance proibido. Will visita a casa dos inimigos.
Keaton faz uma de suas comédias cheias de gags visuais compostas por suas habilidades de dublê. Aqui ele vai além do humor puro para construir um suspense tenso de um homem marcado para morrer por um grupo de estranhos. Daí surgem perseguições repletas de ação. Tudo guiado pelas extraordinárias cenas de dublês cuidadosamente coreografadas e filmadas. Esse misto de ação, suspense e comédia serve para criticar os costumes sulistas dos Estados Unidos, onde rivalidades tipo a do filme ocorriam com frequência.
A comédia explora todo o poder físico de Keaton. Ele pula através de janelas, é atropelado por trilhos de trem, fica em pé entre dois vagões em movimento, pula de um trem para um cavalo, fica preso em uma rocha no meio de um rio turbulento e, no grande clímax, se dependura no topo de uma cachoeira. No começo é só humor. À medida em que se aproxima do final, vai virando mais e mais suspense quando a ação escala na perseguição da família atrás de Will.
O filme se divide em três partes principais. Quando Will viaja de trem para o sul e conhece a amada. A viagem é enorme e o relacionamento entre os dois é desenvolvido apenas através de gestos e ações. O trem vira uma fonte gigante de gags. Uma roda solta numa parte, um cachorro viaja por baixo da locomotiva, um desvio separa o trem no meio. A segunda parte envolve Will na cidade escapando por um triz dos homens que querem matá-lo sem nenhuma ideia de que está sendo procurado. A terceira é onde a trama se desenvolve realmente, com Will hóspede na casa inimiga. Lá, a educação sulista impede os anfitriões de atacá-lo. Eles passam a convidá-lo a se retirar cordialmente vez atrás da outra. Sempre com armas preparadas.
Momento que entrou para a história. Keaton se pendura em uma cachoeira.
Eventualmente ele sai da casa e uma sequência gigante de ação toma conta da fita. Cada momento mais impressionante que grande parte das coisas feitas atualmente. A famosa cena do resgate na cachoeira é de cair o queixo. Era o diretor/ator principal fazendo uma manobra extremamente arriscada no topo de uma catarata. Sem efeitos, cortes ou estilos. Basta ver o salto de Keaton para ficar devidamente impressionado.
De todos os filmes até o momento dos 1001 Filmes, esse foi um dos mais impressionantes. Curto, rápido, bem ritmado e muito divertido. Felizmente, outros clássicos de Keaton também estão na lista. Por enquanto, fique com Nossa Hospitalidade. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=cRNObtP_Fgo]
GERÔNIMOOOOOOOOO…