Uma das graças de estar nos primeiros 100 filmes dessa lista de 1001, é que de vez em quando se vê uma obra que foi a pioneira em alguma coisa. Desde o primeiro, que era a primeira aventura de ficção-científica, até este O Grande Desfile, que provavelmente é um dos primeiros épicos de guerra mundial de grande escala.
O que é impressionante não apenas por ser um filme mudo e antigo, mas por se tratar de algo realizado em 1925, entre as duas Guerras Mundiais. Se em 2017, coisas como Até o Último Homem são aclamadas, é curioso ver algo semelhante com quase cem anos de idade.
Três americanos, Jim (John Gilbert), um filho de uma família de alta classe, Bull (Tom O’Brien), um barista e Slim (Karl Dane), um operário, se alistam para o exército na Primeira Guerra Mundial. No acampamento em que ficam, na França, se tornam amigos e conhecem Melisande (Renée Adorée), que vive na cidade da base em que estão destacados. O clima de amizade e de romance que surge vai ser destroçado quando as batalhas começam.
Como os filmes do gênero atuais, O Grande Desfile é um melodrama sobre as pequenas tragédias que ocorrem em um conflito horrível e imenso como uma Guerra Mundial. Mas o mais interessante é que a produção não se trata de pessoas que se perdem com as batalhas, mas sobre um homem que se descobre ao entrar no exército e depois tem tudo roubado pelo mesmo conflito que o fez se juntar às forças armadas.
Jim é um jovem sem futuro que vai se casar com uma namorada por quem nunca se apaixonou e sem interesses na vida. É no exército, sem condições de benefício, com amigos diferentes e constantemente sendo passado para trás, que ele consegue ver a beleza de uma camponesa inteligente e corajosa.
Uma das sacadas de King Vidor, o diretor, é dar espaço para desenvolver essas relações. A primeira hora inteira de O Grande Desfile se passa nos campos da França, com interação entre Jim, Bull, Slim e Melisande. Porque mais tarde, quando a batalha começa, o horror é mais chocante. O espectador se importa com os personagens e entende a dor que eles sentem quando vêm amigos morrerem.
Também é preciso destacar que é filme de 1925 com cenas imensas. Centenas de figurantes com roupas contextualizadas, centenas de veículos de guerra, cenários gigantes de cidades que são destruídas. E Vidor sabe fazer tudo com eficiência. A ação parece real, os atores principais são destacados nos planos de escala grandiosa.
É fascinante ver um estilo tão fundamentado e repetido à exaustão no cinema no começo. Especialmente ao notar que não houve praticamente nenhuma mudança com o passar do tempo.
Infelizmente, esse é o primeiro filme da lista de 1001 Filmes que não dá para encontrar no youtube completo. Mesmo que seja velho o bastante para ser de domínio público.
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