Filmes do Buster Keaton, protagonista e um dos diretores desta produção, são relativamente repetitivos. O mesmo tema e o estilo de humor são sempre reutilizados. O que faz com que cada produção seja única é a originalidade com que ele muda os mesmos elementos e os torna novos.
Aqui, a fórmula de um homem jovem e mirrado que é julgado inadequado para algum tipo de tarefa ou condição social é representado por Bill Jr. (Keaton), um filho de um capitão de barco que volta para uma cidade do interior para conhecer o pai, Bill (Ernest Torrence), pela primeira vez. O pai o considera “afeminado”, e tenta podar o jeito dele. A relação fica ainda pior quando ele descobre que a namorada, Kitty (Marion Byron), é filha do concorrente do pai.
O que já revela outra repetição na trama: conflito romântico semelhante ao de Romeu e Julieta. No caso de Keaton, é nesses filmes que ele mais acerta, porque ele se permite brincar e zombar do preconceito e da diferença. Sem esquecer que ele mesmo já foi preconceituoso em outras obras com clichês diferentes.
Essa é a beleza de Marinheiro de Encomenda, que também pode ser chamado de Capitão Bill Jr. no Brasil. Desde o começo, Keaton tira humor do que é considerado “másculo”, o que é maravilhosamente moderno para 1928.
Além disso, há a extraordinária sequência em que um furacão arrasa a cidade nos últimos quinze minutos. Bill Jr. apresenta, então, toda a habilidade física de Keaton, que faz algumas das cenas mais impressionantes da carreira. Inclusive, este filme tem a clássica manobra em que ele atravessa pela janela a fachada de um prédio destruído. O momento já foi homenageado à exaustão por fãs do ator/diretor, como Jackie Chan, Wes Anderson e até o grupo Jackass.
Um dos melhores de Keaton, veja abaixo. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=YPwVktn3DFs]