Sempre que se fala de filmes de terror, é preciso explicar os inúmeros subgêneros que compõem o tal horror. Desde os diferentes tipos de situações em que a pessoa se encontra com medo extremo, como body horror, slashers, monstros, até as formas de se fazer o tal horror, com gore, tosqueiras trash, terrores psicológicos, filmes de ambientação.
E, com o passar dos anos, mais se desenvolve em cima dessas possibilidades, ao mesmo tempo em que mais extremas ficam as situações e o grafismo do que é mostrada em tela. Por isso, os filmes de terror dessa lista até o momento pareceram fracos. Com quase cem anos, coisas como Frankenstein e Drácula já não se comparam como horrores atuais. No entanto, o dinamarquês Carl Theodor Dreyer entregou algo diferente com este O Vampiro.
Em grande parte porque se trata de um filme que não segue a estrutura narrativa linear. Quando o fanático por misticismo Allan Grey chega a um lugar supostamente assombrado, começa a ser perturbado por imagens, pesadelos e pelos locais que parecem saber mais do que dizem. No entanto, nada fica realmente explicado.
Isso porque Theodor Dreyer não quer contar uma história. A intenção é perturbar o espectador assim como o personagem. Assim, às vezes é difícil distinguir se o homem que entrou no quarto de Grey é uma alucinação, ou se o evento foi real. Até o final dúbio deixa aquela pulga atrás da orelha sobre a morte de alguém.
Além das quebras narrativas, Dreyer cria enquadramentos belos e que brincam com o sobrenatural. Para isso vale imagens sobrepostas para que Grey em certo ponto parecer investigar uma pista por meio de uma projeção astral, colocar câmeras baixas quando desconhecidos invadem ambientes, de forma a agigantá-los no cenário.
A brincadeira funciona, mas o experimentalismo, como sempre, também torna a produção difícil. Mesmo com 86 minutos, O Vampiro se arrasta com planos longos do ponto de vista de um defunto em um caixão, ou com uma alucinação com a transformação de pessoas em esqueletos.