A imagem de destaque desta publicação foi uma pérola em forma de gif que a internet presentou para os fãs do filme da vez. Com o enquadramento final, o diretor Mervyn LeRoy mergulha o protagonista, e o espectador, na escuridão da tragédia de James Allen. Tudo para fazer uma poderosa denúncia social que permanece assustadoramente atual no Brasil.
Allen (Paul Muni) volta da Primeira Guerra Mundial e é preso injustamente em um campo de trabalhos forçados, onde sofre com o tratamento violento que se assemelha à escravidão. À princípio parece que o filme será um suspense de fuga da prisão, mas LeRoy quer contar mais que uma sessão divertida de ação.
Então, as consequências da fuga remetem fortemente à tragédia de Jean Val Jean, da história clássica de Victor Hugo. Mas o filme é inspirado em um relato real da época, e denuncia os vários níveis de um sistema carcerário corrupto e cruel.
A única coisa que Allen quer, mesmo antes de ser preso, é liberdade econômica e criativa. O que também ressoa fortemente com a crise financeira que o Estados Unidos enfrentava no período. Ele começa preso a convenções, passa a ser preso ao desemprego e à pobreza. Eventualmente o sistema o transforma em um marginal.
E o que a produção faz com ele da fuga até aquele enquadramento lá em cima é arrebatador. É como ver a alma de um homem ser despedaçada por políticos, por policiais e pela sociedade. O último sussurro de Allen, já nas sombras, é irônico e cruel. E merece demais ser considerado atualmente.
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