Mais um clássico em preto e branco do Hitchcock. Este com o Laurence Olivier como o protagonista masculino. É um filme diferente na obra do diretor. Existe o suspense policial ali, mas a trama é mais focada em ter drama. Muito, mas muito drama.
Jovem assistente de uma mulher de alta classe acaba acidentalmente chamando a atenção de um aristocrata rico. Os dois se casam, mas ela precisa lidar com a presença da ex-esposa do viúvo. Não que ela seja um fantasma, mas a forma como marcou todos ao redor de seu novo marido não permite que ele possa deixar a imagem da mulher para trás.
A jovem nunca tem seu nome revelado. Fica apenas conhecida como senhora de Winter, como também era conhecida a mulher anterior, Rebecca. A garota, de origem humilde, não consegue se encontrar na enorme mansão, não sabe como lidar com os diversos empregados e não consegue apagar a imagem deixada pela antiga portadora de seu novo sobrenome.
Assim que chega, percebe a presença da letra R espalhada pela casa. Max, o marido, parece ficar alterado sempre que vê algo que lembra da falecida. Não demora para que a menina perceba que ele talvez não a ame de verdade, ou pelo menos tanto quanto amava Rebecca.
O conflito parece bobo. Principalmente considerando que é o conflito de uma mulher que conquistou uma espécie de sonho de princesa da noite pro dia. É onde entra o talento do Hitchcock. Ele cria uma atmosfera tão bem trabalhada na opressão da vida nova da protagonista que a riqueza recém adquirida parece um inferno. Apesar do dinheiro e das facilidades.
Quando esse ritmo começa a cansar, surge a grande reviravolta. A partir de então, cada cena é uma novidade na trama. Todos os detalhes vão se encaixando e o filme fecha praticamente sem pontas soltas.
Prestando atenção, a trama é de melodrama de novela mexicana. O que não é necessariamente ruim. O melodrama tende a levantar momentos de suspense, que é o gênero que Hitchcock mais domina. Funciona muito bem.
Palmas para o Laurence Olivier como o elegantíssimo Max de Winter. Ele é o misto perfeito de charme com culpa e mistério. Já a protagonista, Joan Fontaine, é linda e a própria imagem da inocência. Já a Judith Anderson é a aterrorizante cuidadora da casa, rouba a cena com sua performance assustadora.
Acho maravilhoso o fato de que a antagonista nunca aparece em cena. É apenas descrita, mas parece ser ela mesma quem dá os golpes contra os heróis.
A discussão é sobre a futilidades nas tradições das classes mais altas e as falsidades que surgem delas. Nada é o que parece e segredos existem para todos os lados.
FANTASTIC…