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Cenas que amamos – Pega a galinha! (Cidade de Deus)

Uma das obras primas do cinema nacional, Cidade de Deus (2002), filme de Fernando Meireles, nos traz a uma realidade brasileira vivida por muitos, mas conhecida, de fato, por poucos. Retirar cenas icônicas dessa obra seria um trabalho extremamente fácil e rápido.

“Pega a galinha aí” é uma frase marcante que se repete duas vezes ao decorrer do longa. Vimos Zé pequeno e os garotos que cresceram dentro do mundo do crime da grande Cidade de Deus (CDD) correndo atrás de uma galinha em um dia de churrasco.

Enquanto Buscapé, o protagonista que também cresceu naquela realidade, porém não ingressou no crime, subia o morro atrás de uma foto que importasse ao jornal em que trabalhava.

O momento em que Zé pequeno fala a marcante frase para Buscapé é o mesmo instante que a polícia chega pronta para atirar nos meninos. E os meninos prontos para atirar na polícia. Nosso protagonista foi, definitivamente, colocado no meio do fogo cruzado, entre a representação do ócio e da falta de oportunidade e a personificação dos selecionados pelo maior culpado (o estado) para fazer a única opção no momento para tentar salvar alguma vida, o trabalho sujo.

Pode-se culpar alguns dos lados? Não. Quem mais sofre? Quem fica em meio à qualquer guerra, impotente, nosso Buscapé. Um tema retratado há 17 anos permanece contemporâneo, que pena!

Enquanto um estado que impossibilita a ascensão, que as rouba diariamente, que as “bonifica” com falsas boas esperanças, que se mantém numa guerra ideológica afim de criar um gado eleitoral, Zé pequenos continuaram existindo e cenas como essa prosseguiram nas telas de alguns e dentro da vida de outros.

Confira a cena:

https://youtu.be/KFjxsxU41oo

1 comentário em “Cenas que amamos – Pega a galinha! (Cidade de Deus)

  1. Enquanto o governo não entender que dinheiro gasto com criança e educação é investimento e deve ser prioridade continuaremos fabricando jovens sem perceptivas de vidas. Ao invés de brincarem de bolas, bonecas, estarao brincado com armas. Precisamos rever nossas políticas de assistência social, mas quanto mais falamos do assunto das desigualdades sociais parece que o governo fecha os olhos.

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