Fazer uma cinebiografia sobre a princesa Diana é uma ideia interessante. Apesar de a morte dela já estar um pouco distante em questão de tempo e de a família real já não ser um tema tão interessante, a memória de Diana ainda é bastante viva. E quem melhor para interpreta-la que a Naomi Watts, que provavelmente é a atriz que mais se assemelha à mulher atualmente.
O filme se foca no romance com o cirurgião cardíaco paquistanês Hasnat Khan. Começa com a separação do príncipe Charles, passa pelos projetos de ajuda humanitária através dos anos subsequentes até o acidente fatídico. Tudo com enfoque no caso secreto.
Ter uma história principal para fazer uma biografia é o básico. Mas não é o bastante se a história não é bem contada. Não sei quanto do que o filme representa é a realidade porque simplesmente não desperta interesse. O romance é tão insosso e, em diversos momentos, tão irracional que não cria empatia.
Pelo que o filme demonstra, todos aqueles gestos lindos e humanitários de Lady Di são resultados da força e confiança adquiridos através do amante. Quando estavam separados ou brigados, ela era apenas uma celebridade birrenta que se metia em iates e fazia joguinhos públicos para chamar a atenção dele.
Ele, por sua vez, tem o conflito de querer estar com ela, mas não poder por conta de seu trabalho. Cirurgiões cardíacos precisam de anonimato para poder ter tempo livre e descansar entre as longas horas de plantão e cirurgias. No caso de Hasnat é uma necessidade ainda maior por conta da árdua batalha que foi chegar ao seu nível vindo do Paquistão.
Por conta desse conflito ele tende a ser grosseiro e impaciente. Porque ele nunca tem nenhuma culpa pelo relacionamento com quem era a mulher mais famosa do planeta. É de uma incoerência ilógica. Ele fica bravo com ela por ser quem ela é. Sendo que ele sabe disso desde o começo e se envolveu da mesma forma.
O filme tenta vender o romance como uma linda história de amor. Com direito a paixão à primeira vista e enfoque em briguinhas pequenas. Considerando que os atores não têm química entre si, nunca convence.
O diretor Oliver Hirschbiegel fez dois bons trabalhos na Alemanha, mas desde que chegou ao mercado norte americano só fez de interessante quatro episódios da série Borgia. Em Diana não faz nada para convencer de sua capacidade como diretor. Enche de momentos que enaltecem esse romance e diminui os atos da mulher.
Naomi Watts e Naveen Andrews se esforçam nos papéis. Ela se parece demais com a princesa e em diversos momentos é fácil ver a Lady nos trejeitos dela. Naveen Andrews se entrega até em nível físico, se permitindo perder a admirável forma física que possuía em Lost. Mas as personalidades que constroem não faz sentido para o romance construído. Os dois simplesmente não combinam.
Deixou vontade de rever A Rainha, que trata do que foi a figura da princesa com muito mais complexidade e respeito que este, que a resume a uma mulher movida por uma paixonite aguda.
GERÔNIMOOOOOOOO…