Existe um motivo pelo qual fiz questão de assistir a Viagem à Lua de Júpiter. Sharlto Copley. Tirando Distrito 9, ele não fez nenhum grande filme em que algo seja mais digno de nota que sua interpretação. Justamente por isso, sempre vou atrás de seus trabalhos. Gosto de vê-lo atuar. Tendo dito isso, existem vários motivos para assistir Viagem à Lua de Júpiter, mas a produção decepciona em cada um deles.
Em um futuro relativamente distante, uma empresa privada manda uma missão com seis astronautas para Europa, uma das luas de Júpiter, em busca de vida. A ideia é descobrir se a água existente na lua já gerou vida e se o corpo astronômico pode vir a ser um segundo lar para os humanos.
O filme segue aquele estilo já batido de filmagem com câmeras diegéticas. Ou seja, tudo o que o espectador vê é filmado por alguma câmera que existe dentro do universo fílmico. A ideia é que a produção vista é um documentário realizado por pessoas daquele mundo usando imagens reais.
Existe um mistério proposto desde o início. Depois de oito meses de viagem no espaço, a nave perde contato com a Terra. O filme vai mostrar porque isso aconteceu, o que ocorreu com a missão e como as imagens foram adquiridas para o documentário se a comunicação foi perdida.
Para manter o mistério, a produção não segue uma ordem cronológica. Abre mostrando o trauma das pessoas da nave após a morte de um deles. Por que ele morreu? O filme volta no tempo e para o início da missão antes de responder. Daí segue duas linhas de tempo, uma contando a missão de forma linear e a outra mostrando comentários de diversos personagens para as câmeras após os eventos do filme.
Sharlto Copley. Clímax perdido no meio do filme.
Dos três mistérios, o mais interessante é como o primeiro personagem morre. Primeiro porque é sua morte que dá o tom melancólico que vai permear durante a produção, depois porque é o personagem do melhor ator em cena. E justamente esse mistério mais interessante é o primeiro a ser respondido. Numa sequência de uns quinze minutos explica-se porque a nave perdeu contato e porque ele morreu de uma vez. Esta sequência é o grande clímax do filme. Ela emociona, é tensa, bem construída e possui o maior poder dramático.
Daí surge o grande problema. Assim que a morte acontece e o filme segue em frente, fica uma impressão incômoda de que a história já acabou e que tudo o mais é apenas um grande epílogo. Isso se dá principalmente porque tudo o mais que se passa com a tripulação quando chegam em Europa dá errado porque uma personagem foi burra aqui e outro não fechou uma porta ali. Então as mortes que seguem parecem bobas e não prendem o espectador à sua tragédia. Muitas delas se dão tão de súbito que passam a sensação de que os personagens eram inúteis desde o começo.
A superfície de Europa. Lua hostil.
Mas nada é pior que a última resposta que o filme dá. O destino final da missão é respondido através de uma coisa que aparece nos últimos frames. Fosse qualquer outra coisa, seria melhor do que foi. Honestamente, se fossem alienígenas avançados, um monstro que come gente, uma nave humana perdida ou até fantasmas faria mais sentido do que o que acontece. Para piorar, a resposta é dada e o filme termina assim, sem mensagem ou história. A impressão é que foi tudo uma grande enrolação para deixar o espectador em suspense para responder três perguntas cujas respostas são bastante simples.
Como em todos os filmes com o Sharlto Copley, a melhor coisa de Europa Report é sua interpretação. Infelizmente ele é o ator com menos tempo em cena. A dica que fica é procurar Alien ou O Enigma do Horizonte quando quiser assistir um bom suspense espacial e não este filme.
ALLONS-YYYYYYYY…