Em 1989, a Warner lançou a segunda grande campanha de marketing relacionada a um filme na história. Antes Star Wars foi um feito em relação a isto, mas o foi quase por acidente. Grande parte por conta de boca a boca. Aqui foi por estímulo do estúdio. Ainda hoje, a campanha de marketing do filme é estudada por sua importância para a indústria.
Na cidade de Gotham, tomada pelo crime e pela máfia, um vigilante vestido de morcego combate o crime durante as noites. A fotógrafa internacional Vicki Vale (Basinger) se une a um repórter local para conseguir uma matéria sobre o tal Batman. Porém, antes de conseguir investigar qualquer coisa, Vale chama a atenção do milionário Bruce Wayne (Keaton) e do novo líder da máfia, um psicótico megalômano que se autodenomina Coringa (Nicholson).
Depois de se provar capaz de sucessos com Os Fantasmas se Divertem, Tim Burton ganhou o aval da Warner para adaptar o super-herói dos quadrinhos para o cinema. Fato que já demonstra a ilógica da nomeação de Burton para a função. Se tem alguma coisa que não é coerente com o que é o personagem Batman, essa coisa é Os Fantasmas se Divertem. A escolha de Burton foi por conta de dinheiro, não por conta de sua linguagem e como ela se adequa ao tema. A missão dele era fazer um filme que deveria render tanto quanto os filmes do Superman fizeram uma década antes e não um filme que deveria fazer jus à fonte original.
O roteiro do filme é interessante de se analisar. Ele faz um grande esforço para ser coerente do começo ao fim. Mas a coerência serve para ligar cenas, situações e contextos tão absurdos, mal escritos e ilógicos que as conexões são ruins. A Vicki Vale chega na cidade querendo um prêmio Pulitzer pelo trabalho jornalístico. Basta uma noite de sexo com Bruce Wayne para jogar tudo para o ar. E o filme sabe disso. Coloca diálogos entre ela e outros personagens relacionados à lógica do relacionamento dos dois sendo que nunca tiveram uma conversa decente e apenas fizeram sexo.
Em relação à contextualização do Batman, ele apenas pula de um lado para o outro em cabos e dá alguns golpes rápidos em capangas do Coringa. O repórter que trabalha junto de Vale, em certo ponto, acaba fazendo mais para enfrentar os bandidos que o herói. Mas nada é pior que a decisão de Batman, a partir do final do segundo ato, de matar o Coringa. A partir daí, o “herói” simplesmente mata algumas dezenas de pessoas. Se tem alguma coisa que este Batman não é, é ser fiel ao espírito do material original.
A Vicki Vale começa como uma imponente e segura fotojornalista. Quando é útil para a trama que ela se torne uma mulher indefesa que mais grita e desmaia para qualquer coisa, ela perde toda a personalidade.
Burton não se importa com roteiro, como o faz até hoje. Apenas usa do Batman como desculpa para brincar com seu estilo pessoal. Quase tudo na direção de arte é escuro, mas as luzes são duras e fortes. Quando é preciso, joga luzes pontuais nos olhos deste ou daquele personagem. As luzes fortes no preto não iluminam os ambientes completamente, mas servem para esse efeito expressionista que Burton sempre utiliza.
O Michael Keaton é um grande e versátil ator, mas certamente não foi feito para o papel. Baixinho, magro e esquisitão, nunca convence como um milionário excêntrico ou como um vigilante fortão e bom de briga. A Kim Basinger se esforça para entregar todas as loucuras que o roteiro joga para cima dela. Se Vicki Vale precisa só gritar e desfalecer diante do Coringa, ela faz. Se ela precisa ser uma mulher corajosa, ela se impõe. Quem realmente funciona é o Jack Nicholson. Seu Coringa não faz sentido por conta do roteiro, mas a interpretação é muito interessante. Ele é insano, imprevisível e psicótico.
O Coringa de Nicholson. Uma das poucas coisas boas do filme.
Alguns poderiam dizer que este Batman envelheceu mal, mas a verdade é que o filme nunca foi realmente muito bom. As reinvenções do Nolan e os quadrinhos mais sombrios e adultos apenas serviram para revelar os problemas que não eram vistos devido aos estilos da década de 1980.
GERÔNIMOOOOOOO…
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