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Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca

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Como dar continuidade a um dos maiores sucessos de todos os tempos? Um fenômeno popular que até então não era concebível. A verdade é que a história já estava pronta, mas como passa-la para a tela com toda essa pressão em cima virou o novo problema. Ainda mais por se tratar de um segundo filme em uma trilogia. Manter o nível não é apenas importante para o próprio filme, mas para o próximo que seria feito depois.

Depois de se tornar o herói dos rebeldes contra o império galático, Luke Skywalker (Mark Hamill) escondeu o grupo em um planeta gelado e distante. Durante uma visão, ele descobre que tem que ir para outro sistema planetário para encontrar o novo mestre, Yoda (Frank Oz). Ele parte para o lugar durante um ataque do império. Darth Vader (David Prowse e James Earl Jones), por algum motivo, está obcecado em capturar Luke, e caça a nave de Han Solo (Harrison Ford) e de Leia (Carrie Fisher) implacavelmente.

O diretor deste filme, Irvin Kershner, foi quem explicou melhor o dever da produção. Como um segundo capítulo, ele não deve ser sobre a ação e a elevação dos personagens, mas sobre o emocional. Quase como um segundo ato de uma história, O Império Contra-Ataca desenvolve os conflitos individuais do trio principal, mais especificamente do Luke, para o próximo filme.

George Lucas abriu mão não apenas de dirigir o segundo capítulo, como também de escrevê-lo. Deixou o cargo nas mãos do ótimo roteirista Lawrence Kasdan e de Leigh Brackett. O resultado é um texto mais maduro, com diálogos muito bem escritos. Ao mesmo tempo em que a trama é mais séria e imediata, porque a ameaça de Vader é uma constante, os personagens nunca foram tão bem representados pelo que dizem.

Star-Wars-Episode-V-The-Empire-Strikes-Back-Behind-The-Scenes-Photos-1Reviravolta inesperada. Leia prefere o Chewie.

Uma cena extraordinária reúne Luke, Leia, Han, Chewbacca (Peter Mayhew), C-3PO (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker). O terceiro provoca a moça com a certeza de que vai conquistá-la. Enquanto todos observam, ela o xinga de pastor de nerfs, cabeça dura, meio burro de aparência esquisita. A resposta dele é simples: “Quem tem aparência esquisita?”. Um cretino que zomba dos próprios defeitos. A forma como todos reagem ao diálogo ao redor exprime bem a personalidade de cada e a relação deles com o casal. Luke reprova o comportamento de Han com leves negativas de cabeça, mas esnoba quando Leia demonstra que gosta mais dele que do amigo. Chewbacca ri de tudo e C-3PO observa surpreso o comportamento humano, incompreensível para ele.

Para fazer com que o final seja um gancho para o climático terceiro filme sem deixar de ter um clímax próprio, Kasdan e Brackett focam no desenvolvimento dos personagens e em uma perda pessoal para cada. Tudo no filme funciona a favor do treinamento de Luke como jedi e no maior obstáculo para isso: as emoções dele. Daí uma cena cheia de metáforas e alegorias na qual ele confronta a imagem de Vader em uma caverna para descobrir que apenas atacar o inimigo com raiva vai fazer com que ele mesmo seja o vilão.

Enquanto isso, Han e Leia fogem juntos das naves do império, o que abre espaço para que eles desenvolvam um romance pontuado com humor bem dosado com a presença do C-3PO. O “cafajeste” inveterado tenta de tudo para ficar com a mocinha, ela se recusa a admitir que sente algo por ele. Sem a presença de Luke, fica difícil para ela até uma cena ótima na qual não consegue escapar de um beijo. Han lê o nervosismo nos gestos dela enquanto as palavras dela negam tudo. Antes que possam esclarecer, C-3PO aparece feliz e arruína o momento.

Se tudo é tão bem escrito e redondo para cada núcleo de história, o melhor fica para o vilão. Um pouco apagado no primeiro filme, Vader ganha personalidade além do design assustador que mistura características de caveiras a vestimentas samurais. Existe toda uma trama com os subordinados militares do antagonista que são mortos friamente por não conseguirem cumprir as ordens dele. Kershner filma isso de forma sutil. Em um momento coloca Vader em uma discussão com um almirante através de um vídeo. Chama para a conversa o comandante ao lado enquanto o anterior morre engasgado. O vilão mata o capanga sem fazer movimento e nem mesmo prestar atenção. A frieza resultante é ainda mais assustadora que a imagem e a voz antológicas.

luta decisivaLuke confronta Vader. Tudo conduz a isso.

A parte técnica se mantém com a qualidade do primeiro filme. Ben Burt continua a dar vida através do som para as muitas invenções e seres. John Dykstra saiu da supervisão de efeitos especiais para dar lugar para mais de cem funcionários. John Barry mudou de departamento e abriu espaço para Norman Reynolds, que viria a ser o designer de produção de outros grandes filmes, como Indiana Jones. O segundo capítulo consegue melhorar, porém, na composição musical. As músicas de Império Contra-Ataca são as melhores da franquia. É onde o tema do império, da Leia e do Yoda dão as caras. Além da extraordinária música dos asteroides, uma das favoritas de muitos dos fãs de Star Wars.

Mark Hamill, Harrison Ford e Carrie Fisher repetem as interpretações do filme anterior. Os dois últimos têm alguns momentos mais inspirados. A combinação da interpretação física de David Prowse com a voz do James Earl Jones faz do Darth Vader uma figura calma e imponente que parece degustar com sadismo cada palavra que profere quando ameaça alguém. Outro destaque fica por conta do Frank Oz, que dá vida com um braço e a voz para um boneco pequeno. O resultado é o inesquecível Yoda, tão representativo do imaginário de Star Wars.

Não é por acaso que Império Contra-Ataca é o filme mais citado como o favorito, até o momento, dentre os filmes Star Wars. É o mais bem escrito, onde os personagens funcionam melhor, com um bom ritmo, um clímax melhor justamente por não querer ser sobre a ação. Deixa com um gosto de quero mais. Justamente o que o próximo filme precisava.

 

ALLONS-YYYYYYYYY…

1 comentário em “Star Wars: Episódio V – O Império Contra-Ataca

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