Alice Harvey trabalha como assistente em uma editora de Nova York. Não é devidamente valorizada pelo chefe, que não se dá ao trabalho sequer de ler um manuscrito que ela afirma ser o melhor que já recebeu nos dois anos em que trabalha no local. O best-seller de um renomado autor, Milan Daneker, antigo cliente de seu pai, terá um relançamento, e ela é encarregada de promover o evento. Então, antigos traumas voltam à tona.
A personagem principal é interpretada, na vida adulta, por Emily VanCamp (Everwood e Revenge) e na adolescência por Ana Mulvoy-Ten. O ator sueco Michael Nyqvist (Os Homens que Não Amavam as Mulheres) é o escritor Milan Daneker. Emmett, o interesse amoroso de Emily, e Sadie, a melhor amiga, ficam por conta de David Call e Ali Ahn, respectivamente. Também se destaca Michael Cristofer, como o pai de Alice. No roteiro e na direção, está a estreante Marya Cohn.
Logo de início, é apresentada ao público uma personagem claramente frustrada, que usa o sexo como uma forma de fuga e melhora da autoestima. Na relação com o pai, mal tem poder de fala e escolha. Não consegue nem escolher o prato que deseja no restaurante, já que o genitor faz o pedido por ela, sem sequer deixá-la opinar. Os flashbacks de quando Alice tinha 14 anos não demoram a aparecer e são frequentes durante o decorrer do filme. Com eles, percebe-se a origem de diversos traumas que ela apresenta.
Alice Harvey sempre sonhou em ser escritora. Nos flashbacks, ela está frequentemente escrevendo contos. Seu pai, um agente literário, passa a trabalhar com Milan Daneker. O escritor se mostra interessado em ler o que a jovem escreve. Com o tempo, os dois passam a ter encontros em que ele vira uma espécie de tutor para a garota, com o objetivo de ajudá-la na escrita. No entanto, diferentes sentimentos começam a ser desenvolvidos.
Tanto Emily VanCamp quanto Ana Mulvoy-Ten desempenham bem o papel. A frustração de Alice é perceptível em ambas as atrizes, que capricham nas expressões. A personagem aparenta um grande peso no olhar, de quem já passou por muitas coisas complicadas. O sofrimento é bem retratado pelas intérpretes. Milan Daneker parece ter parado no tempo. 15 anos se passaram e a aparência quase não mudou. A maquiagem falhou em retratar um envelhecimento mais real.
A Garota do Livro retrata como acontecimentos traumáticos podem influenciar em diversos patamares da vida de uma pessoa. Alice, agora perto dos 30 anos, possui dificuldade em se entregar emocionalmente à outra pessoa, por exemplo. Quando tenta escrever, escuta a “voz” dentro de si, que fala que ela é incapaz, e um bloqueio a impede de continuar.
O romance presente no longa é retratado de forma desnecessária. Enquanto os dramas e traumas antigos de Alice poderiam ser mais desenvolvidos e aprofundados, o caso amoroso toma conta de diversas cenas. Muito tempo é perdido apenas para ter um casal na história. A autodestrutividade da personagem, devidamente trabalhada, renderia um filme muito melhor. Porém, ele não passa da classificação “bom”. Marya Cohn pecou em não dar o devido tratamento a temas relevantes que são abordados no decorrer da trama.