Finalmente. Depois de muita espera, o remake de A Morte do Demônio chegou aos cinemas. Os medos eram praticamente os mesmos sempre. Está muito sério, não está gore o bastante, não vai ser aquela inovação que o Sam Raimi fez em 1981. Raimi, o produtor do original, Robert G. Tapert e o Bruce Campbell, o próprio Ash, foram os produtores. Apesar de o original ser quase cômico hoje em dia, na época deixava as pessoas pertubadas de medo. O diretor do remake, Fede Alvarez, diz ter feito o filme que lembra ter visto quando adolescente.
David vai com a namorada, Natalie, e mais dois amigos para a cabana da sua mãe no meio da floresta. O objetivo é ajudar sua irmã, Mia, a se livrar da dependência em drogas. Com o afastamento para o meio da floresta, Mia não terá acesso aos químicos e será obrigada a passar pelo período de abstinência. Mas algumas pessoas invadiram a cabana com o passar dos anos e deixaram um livro cheio de bruxarias e referências a um demônio. Daí pra frente é o inferno contra David, Mia e sua patota.
Gostei bastante da trama relacionada às drogas. Foi a desculpa ideal para que aquele grupo de pessoas fosse para aquele canto esquecido por deus. Também foi a desculpa ideal para que os personagens não quisessem voltar imediatamente assim que as manifestações do cabrulhão começassem.
Outra decisão inteligente de Alvarez foi remover o elemento Ash, o herói porradeiro da franquia original. O personagem se tornou icônico demais. Tentar reinventá-lo ou reproduzi-lo seria um erro. Pelo contrário, Alvarez cria personagens diferentes e os deixa crescer por conta própria.
A outra decisão inteligente do diretor foi a falta de recursos digitais. Como ele fez diversas das cenas? Eu não sei. Em uma entrevista ele disse que era ridículo colocar uma câmera em close na perna de um ator e ficar tentando fazer uma prótese mexer. Era basicamente uma pessoa puxando uma cordinha na pele de outra. Mas com a montagem no filme final, tudo ficou assustador.
Enquanto o primeiro filme contava com seu orçamento na casa das centenas de milhar, o novo foi feito com aproximadamente 17 milhões. O dinheiro é gasto nesses efeitos técnicos. Começa com galhos atacando pessoas e aumenta para dilacerações físicas e torrentes de sangue.
Em meio aos filmes de terror recentes, A Morte do Demônio é um suspiro de qualidade. Filmes com entidades em casas aterrorizando famílias ou de adolescentes perseguidos por alguma coisa que vem para matá-los ou palhaçadas de exorcismo estão sendo repetidos à exaustão.
Apesar de A Morte do Demônio ser um filme sobre coisas vindo buscar um grupo de jovens misturado com possessão demoníaca, não cai na baboseira comum. Todo filme de terror tem o troço vindo para pegar os personagens em cenas de suspense em que nada acontece. Até que chega o final e na porradaria climática morre todo mundo que tem que morrer. O filme acaba e nada de novo foi feito. Parece um festival para ver quem dá mais sustos.
Seguindo o estilo do Sam Raimi, Alvarez coloca os demônios para pertubar mesmo as pessoas. O bicho não fica só falando para os personagens sobre suas falhas e suas famílias. Ele aparece, dá porrada, vomita neles, corta com o que tiver ao seu alcance, toma seus corpos e ri do sofrimento alheio. É perturbador constantemente. Assim que começa a fanfarra pessoas começam a morrer.
O gore está lá. Com direito a uma cena sensacional de apunhalamento com uma seringa. Se você é fã da trilogia original, vai ficar constantemente feliz com as referências. Tem o estupro, a câmera subjetiva na floresta, uma mão é decepada, a menina possuída fica presa no porão, certas mortes são idênticas.
Não tem aquelas câmeras malucas do Sam Raimi do original. Mas Alvarez segue seu estilo próprio e consegue alguns enquadramentos inspirados. Principalmente na luta final. A serra elétrica finalmente aparece e temos um protagonista sem mão lutando no braço com o diabo que o persegue. Maravilhoso.
O elenco é todo desconhecido. A mais famosa é a Jane Levy, que interpreta a Mia. Ela é uma ruivinha sensacional que protagoniza uma série de comédia chamada Suburgatory. Nunca assisti, mas sei que tem um conteúdo mais inocente. É interessante vê-la como uma viciada possuída. O sarcasmo do demônio é muito bem interpretado e quando ela precisa assumir a pose de heroína o faz sem dificuldades.
Não gostei de terem colocado um cachorro no filme. Devia ser uma regra: é proibido matar cachorros em filmes. E a morte do bichinho nem tem um efeito muito grande na trama. Podia ter ficado sem.
Outro problema é o número de finais. Chega um ponto em que parece que o mocinho venceu, então ele faz uma coisa e parece que teremos outro final. De repente surge um susto e aparece outro clímax. Então começa a chover sangue e temos outro final. São finais falsos demais. Quando acaba fica a impressão de que vai ter mais e começam os créditos.
Um terror pesado de verdade, como faz tempo que não vemos por aí. Recomendo assistir, rever os originais, buscar Arrasta-me para o Inferno, que é do Sam Raimi. Ótimos filmes de terror. Quero logo Uma Noite Alucinante 4 e A Morte do Demônio 2.
GERÔNIMOOOOOOOO…