Tudo do material de divulgação do novo remake do clássico de horror da Universal A Múmia clama por hesitação. Desde o destaque ao astro Tom Cruise até o fato de que a criatura tem efeitos estéticos desnecessários, como multiplicação de pupilas. Ainda mais quando os remakes de 18 anos atrás foram tão bem sucedidos, e este parece um pontapé inicial para mais um esquema de série de filmes como a Marvel fez.
Isso porque a história do soldado americano Nick Morton (Cruise), situado no Iraque, onde descobre uma múmia egípcia amaldiçoada (Sofia Boutella), foi feita para ser a base para o que a Universal tem vendido, como o Dark Universe, em que a tal morta-viva vai encontrar com o Frankenstein, vampiros, o homem invisível e sabe-se lá quem mais.
Para isso, foi criada mais uma produção que mistura o estilo egípcio com cidades modernas e, junto com isso, faz com que o horror e a ação se misturem. Além disso, é preciso apresentar uma certa organização que será a ligação principal entre os monstrengos e um certo doutor Henry (Russell Crowe).
É onde reside o principal problema do longa de debute direcional do roteirista Alex Kurtzman. Quando a história se afasta do confronto com o bicho que dá nome ao filme e passa a focar no tal Dark Universe, ela se perde. E isso ocorre a partir do meio da metragem. Deixa de ser sobre a entidade do Egito para ser sobre o personagem do Tom Cruise e a preparação para outros filmes. Ou como a companheira refletiu depois do fim da sessão: “Está mais para Missão Impossível que para A Múmia.”
Por outro lado, quando A Múmia se foca de fato na múmia e nos planos da criatura é que o filme revela a que veio. Entre ótimos efeitos especiais, cenas de horror com bichos bizarros, ação bem dirigida e até humor pontual, a produção cria uma leve tensão e entretêm. Os melhores momentos são de interação entre Nick e o amigo – e alívio cômico – Chris Vail (Jake Johnson), que são divertidíssimas.
O horror não se resume a sustos fáceis com coisas que pulam da tela. Grande parte vem do perturbador de imagens de pessoas dominadas com picadas de insetos e defuntos que se movem descontroladamente pelos problemas que derivam das quebras das articulações.
É tudo feito com computação gráfica, que só é perceptível porque os movimentos não seriam possíveis por humanos. Em termos de textura e volume de massa, é impecável. A fotografia muda aos poucos do laranja claro de deserto relacionáveis ao Egito para o escuro com tons frios de verde e azul de uma metrópole urbana como Londres, onde a produção se foca no tal Dark Universe. Tudo muito bem realizado, com belos planos que contam a história, mesmo que com pouco conteúdo.
Destaque para Sofia Boutella, que tem se revelado uma ótima atriz de ação. Como a múmia Ahmanet, ela interpreta tanto pelo rosto quanto pelo corpo ágil, que transpira a agonia de uma criatura que sofre devido à decomposição corporal prolongada. Cruise tenta criar simpatia em um personagem dividido por ser uma pessoa egocêntrica que não conhece a própria bondade, mas a falta de profundidade do texto não permite criar essa abordagem. É só mais uma alegoria fraca para o “eterno conflito entre o bem e o mal”.
A metade A Múmia de A Múmia funciona bem como um mix de gêneros divertido. O que atrapalha essa segunda tentativa de iniciar o Dark Universe (a primeira foi o fracasso Drácula: A História Nunca Contada) é justamente o fato de que ela precisa ser uma franquia.
O vestuário é lindo, é o que eu mais gostei. Dói que seu conteúdo não seja o melhor. Na minha opinião, não foi o melhoramento da história, mas admitir que o que é salvável é Sofia Boutella, ela sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Seguramente o êxito de filme Sofia Boutella deve-se a suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno. Sempre achei o seu trabalho excepcional, sempre demonstrou por que é considerada uma grande atriz, e a sua atuação é majestuosa.