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A Teoria de Tudo

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De alguma forma, alguém achou que a adaptação da obra chamada Travelling to Infinity: My Life with Stephen (algo como Viajando para o Infinito: Minha Vida com Stephen) para o cinema merecia o título A Teoria de Tudo (em inglês o título se mantém The Theory of Everything). Ironicamente, o exagero do título serve de analogia para a supervalorização da obra sobre o famoso astrofísico.

Stephen Hawking (Redmayne) é um aluno de doutorado em cosmologia em Oxford que se apaixona por Jane Wilde (Jones), uma aluna de arte. Ele descobre que possui a doença esclerose lateral amiotrófica, que tirará todos os seus movimentos. Os dois se casam para aproveitar ao máximo o tempo que possuem juntos e Stephen tenta seguir adiante com seus estudos. A ideia é desvendar os rumos do casamento dessas duas pessoas desde o dia em que se conheceram até a separação.

O roteiro de Anthony McCarten tenta explorar todos os dramas que decorrem da mistura dessas situações. Stephen precisa aprender a lidar com sua condição física ao mesmo tempo em que tem que conviver com a esposa e levar adiante a carreira acadêmica. Enquanto isso, Jane abre mão dos estudos para cuidar dele, incentivá-lo a trabalhar mais e lidar com os conflitos de ideologia dos dois. Ela é cristã e ele ateu.

TTOE_D25_07914_a_hDificuldades da vida de casado. Os dois aprendem a se comunicar.

McCarten usa mil e umas liberdades artísticas para fazer o filme ficar mais adequado para uma narrativa, mas usa as liberdades erradas. No filme, os dois se conhecem em uma festa e se interessam um pelo outro. Na vida real, eles foram apresentados. Não seria nada demais se a alteração não fosse feita com o intuito de criar uma espécie de paixão platônica, mas os diálogos e as situações nunca permitem ao espectador acreditar que os dois realmente se interessam um pelo outro. Então, depois do casamento, não há mais conflitos. A partir daí, o roteiro apenas pontua problemas na relação sem nunca se aprofundar em nenhum. Uma hora diz que ele não tem condições de cuidar dos filhos. Noutra ele brinca demais com eles e deixa a mulher maluca. Noutra a enfermeira se dá melhor com ele que Jane. Ainda tem o ajudante que se apaixona por ela. Nunca há muito fundamento para a união, apenas a impressão de que eles deveriam se separar e acabar com a agonia do relacionamento problemático.

O diretor James Marsh não cria ambientação para as cenas. Faz com que o mundo dos Hawkings seja verde, azul, vermelho e dourado quando eles estão separados e pálido quando estão juntos. Jane passa das cores claras e coloridas para o preto constante depois de casada. Representação de que está de luto, não pelo casamento em si ou pela condição de Stephen, mas pela perda de identidade ao viver nas sombras do marido. Tirando isso, ele não faz mais nada além de ser correto. Conta a história e só. A história sem confronto e problemas do roteiro.

Eddie Redmayne In The Theory of Everything WallpapersEddie Redmayne. Ponto alto da produção.

Se o filme vale de alguma forma, é pela interpretação de Eddie Redmayne. Desde que começou a aparecer no cinema, Redmayne se destaca cada vez mais. Ele começa o filme com pistas da condição de Stephen através de pequenos detalhes na falta de controle dos movimentos. Já Felicity Jones parece apenas estar incomodada constantemente. Seja no flerte e eventual romance com Stephen, seja quando ela começa a questionar o amor. O problema maior é a falta de química entre os atores. Por melhor que sejam, nunca convencem de que os personagens se amam. O que fica óbvio em uma cena em que dividem um beijo desastrado, como se nenhum dos dois estivesse no mesmo ritmo.

A Teoria de Tudo sofre do grande mal da maioria das cinebiografias brasileiras. É mais uma pontuação de momentos da vida das pessoas reais que um filme em si. Inclusive, incomoda pela desvirtuação de diversos fatos conhecidos das vidas deles. Esconde as traições que ocorreram entre os dois para poder retratar aquele casamento como algo mais belo do que realmente aparentava. Talvez, se fosse mais sincero, o filme poderia ser também mais bonito.

P.S.: Fique atento às várias referências hilárias a Doctor Who. Uma delas dita por um ator que participou da série.

 

GERÔNIMOOOOO…

5 comentários em “A Teoria de Tudo

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