Depois de ter se tornado uma marca popular no cinema, a história da mansão da cidade Amityville ficou conhecida. Ronald Defoe matou a esposa e os filhos com uma espingarda sob a premissa de ter sido assombrado e conduzido à violência por um quarto vermelho no porão da residência. Esta é apenas mais uma das mil e uma tentativas – e já está previsto que um quinto pode surgir como trama da série Invocação do Mal uma vez que o casal Warren esteve envolvido no caso real – de fazer um filme da casa.
Para retomar a história em tempos atuais, o filme acompanha a adolescente Belle (Bella Thorne), que se muda para Amityville com a família em busca de um tratamento para o estado vegetativo do irmão gêmeo James (Cameron Monaghan). O que surpreende todo mundo é que ele começa a reagir, mesmo que não existam casos de pessoas com a condição dele que jamais se recuperaram.
Com isso, são estabelecidos praticamente todos os clichês de filmes de terror que se passam em casas mal assombradas. Protagonista adolescente com algum trauma que a deixa vulnerável, um porão sombrio para dar sustos, pais que não compreendem os filhos quando eles suspeitam do horror com o qual dividem a casa, uma criança que se comunica com o sobrenatural e tudo o mais.
Clichês não são necessariamente negativos, desde que bem feitos e utilizados, mas este Amityville começa a errar no roteiro, que parece esquecer metade dos contextos construídos para a narrativa. Vários personagens entram e saem de cena sem que acrescentem muito, como a tia Candice (Jennifer Morrison), que aparece aqui e ali sem fazer diferença.
Além dela, Belle faz dois amigos na escola. Terrence (Thomas Mann) parece interessado nela e no mistério da casa, mas não tem desenvolvimento. Ele apenas explica a história da casa para a protagonista e some. Assim como a Marissa (Taylor Spreitler), que literalmente não tem um diálogo de amizade com a adolescente até que as duas conversam sobre segredos pessoais.
Mesmo que os dois não sejam importantes, seria útil fazer com que eles ao menos fizessem parte do clímax ou aparecessem no final. Mas é assim com quase tudo neste filme. Em certo ponto, a mãe de Belle, Joan (Jennifer Jason Leigh) revela um fato que coloca a adolescente em perigo. Logo em seguida, as ações da progenitora não condizem com o que fez antes, ao simplesmente ir dormir.
Além disso, trata-se de mais um filme de “terror” que não se importa com ambientação e tenta dar sustos no espectador com toques súbitos e altos de instrumentos de corda. Não é a história ou a cena que causam medo, apenas um ruído. A mixagem de som, diga-se de passagem, é desastrosa com diálogos e efeitos baixos para que ruídos e sustos sejam mais repentinos, mesmo que nunca assustem.
O que salva são os ótimos efeitos especiais. Em especial com a transformação do corpo do ator Cameron Monaghan, que é definhado pela computação gráfica para se adequar ao coma do personagem. É impossível dizer que a cabeça dele está inserida em uma estrutura física falsa.
Mas quando as únicas qualidades que vêm à mente são de um detalhe de pós-produção, fica fácil falar mal de um filme como este. Ainda mais quando comete o pecado de desperdiçar excelentes atores como os veteranos Jennifer Jason Leigh e Kurtwood Smith ou o jovem Thomas Mann. Trata-se apenas de mais uma demonstração de como o horror de sustos fáceis ficou repetitivo e cansativo.