A dupla de diretores Christopher Miller e Phil Lord dão continuidade à comédia besteirol Anjos da Lei graças ao sucesso inesperado do original. Tal qual o resto da carreira dos diretores, o filme é uma sacada de metalinguagem. Faz comentários sobre o que é, tanto como filme de dupla de policiais quanto como continuação.
Schmidt e Jenko continuam trabalhando como detetives da narcóticos. Os dois avaliam mensagens para traficantes em aulas online. Porém, devido a cobranças de departamento, eles devem se inscrever em uma faculdade como policiais disfarçados para investigar uma nova droga que se torna cada vez mais relevante no local.
O primeiro filme zomba do fato de ser uma adaptação para os cinemas de um série de TV dos anos 1980 cuja premissa é ridícula. Então a solução para criar um filme com aquela trama em tempos mais cínicos foi abraçar o nonsense. O segundo mantém o padrão, mas desta vez zomba de ser uma sequência.
Para fazer com que isso dê certo, o roteirista Michael Bacall ganha o reforço do novato Oren Uziel e do veterano da TV Rodney Roth. O trio cria uma história policial simples e redonda e a preenchem com piadas relacionadas ao quanto esses tipos de filmes são ridículos. Tem uma história básica com um conflito pessoal para os protagonistas, mas sempre que ele começa a se levar muito a sério, uma piada surge para não deixar o espectador esquecer o que o filme realmente é. Os personagens tentam ser politicamente corretos, mas discordam levemente sobre o que é o comportamento mais adequado. Na cena em que são informados sobre os detalhes da missão, um comenta que está ainda mais estimulado porque a primeira vítima é uma garota negra. O outro começa a discutir porque acha que eles não deveriam estar mais estimulados, mas igualmente preocupados. Isso na frente do capitão, que é negro.
A grande cena de perseguição. Politicamente incorreto.
Daí entra o acerto da dupla de diretores. Miller e Lord não permitem que nada seja sério o bastante. Os dois usam de cortes e ângulos espertos que acrescentam às piadas. Acrescentam ritmo de videoclipe cortando de uma gag visual no momento certo para que a piada não perca o gancho. É um grande trabalho técnico em favor da linguagem, mesmo que esta seja ilógica e de zombaria.
Jonah Hill está descontrolado, improvisando e falando palavrões a torto e a direito com grandes sacadas. O Channing Tatum não é tão bom quanto ele nesta área, mas a química entre os dois e as piadas escritas pra ele o mantém em foco sem perder espaço para o comediante. Os dois são cercados de outros humoristas veteranos que ficam improvisando em cima das situações. Essa equipe cômica impede que mesmo o momento mais tenso ou dramático fique sério. Destaque em especial para uma cena com o ator Ice Cube improvisando diante de uma mesa de bufê, que é de rolar no chão de tanto rir.
O que parecia apenas uma má ideia e uma comédia boba e exagerada surpreende. Nada é sério e o filme sabe disso. É um humor escatológico feito para adultos que faz exatamente o que pretende, rir.
GERÔNIMOOOOOOOOO…
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