Celine e Jesse estão de volta. Se antes eram atestados sobre esperança no futuro e a promessa do amor, agora são o retrato das próprias desilusões. Passaram-se 18 anos desde a noite mágica em Viena e 9 desde o reencontro em Paris. Agora eles não são mais os jovens com a vida toda pela frente. Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke voltam a se unir para fechar a trilogia desse casal que já se tornou clássico.
Não vou colocar a sinopse aqui porque ela estraga o suspense levantado com o segundo filme. Para quem não lembra, Jesse está no momento de escolha entre pegar o avião e perder Celine de vez ou jogar tudo pro alto para ficar com a mulher daquela noite mágica e romântica.
Parece uma escolha óbvia pensando assim. Mas através dos argumentos apresentados no filme as opções ficam mais turvas. O novo filme não leva mais que cinco minutos para explicar o que aconteceu. Mas ele faz de uma forma tão legal e bem dirigida que acho errado falar sobre.
No começo, Jesse e Celine eram dois jovens com toda a vida pela frente. Eles se encontram por acaso e se apaixonam perdidamente. O romance deixa o público na torcida pela união deles, mas os planos dos dois estão no caminho.
Eles se reencontram nove anos depois em Paris, seus sonhos e planos não correram como esperavam e já não atrapalham tanto quanto antes. Mas será que ainda serão capazes de jogar as vidas construídas fora para ficarem juntos?
No terceiro, a idade mostra seus sinais e a insegurança é muito superior. Mas não é o bastante para impedi-los de se amar. As discussões agora são outras. Ainda com o mesmo estilo, questionamentos profundos e universais com embasamentos intelectuais. Mas ao invés de tratar de esperanças na vida e no amor, agora é sobre erros, acertos, culpas e responsabilidades com os filhos.
Segue a mesma proposta dos anteriores. É o casal conversando em um período curto de tempo. O roteiro se resume a isso. Linklater não foge do que fez antes. Ele mostra os dois em planos longos. Aqui e ali muda um pouco para apresentar um pouco do lugar ou contextualizar alguma coisa. Mas é sempre a mesma coisa, Jesse e Celine conversando sobre a vida, com temas como existencialismo, política, artes e amor.
Parece chato contando dessa forma, mas a troca é tão informal e descompromissada que diverte. É um primor de diálogos que fazem com que os dois pareçam pessoas comuns, não um casal de cinema. Daí, cada pequena piada soa verdadeira e aumenta bastante o humor e o ritmo do produto final.
Eu poderia falar mal da fotografia e da direção de arte, mas como os cenários são locais especificamente belos da Europa, esses elementos funcionam por conta própria. A Grécia e seu céu maravilhoso cuidam dos visuais fenomenais do filme.
O roteiro, assim como em Antes do Pôr-do-Sol, foi escrito pelos atores juntos com o diretor. Pode-se dizer que é uma pérola, mas fica claro vendo o filme que a qualidade dos diálogos vem da interação no set. É o que acontece quanto se tem dois grandes atores com um bom texto e que conhecem completamente seus personagens com uma grande condução de um ótimo diretor de cena.
O filme volta de vez em quando para questões relacionadas ao futuro dos relacionamentos românticos com novas gerações que contam com tecnologia ao seu dispor. É interessante ver que os dois personagens possuem a mente aberta para a possibilidade de um romance descompromissado e sem futuro.
Mas o romance nunca perde espaço e o trio deixa claro a esperança em relacionamentos românticos.
GERÔNIMOOOOOOOOO…