Alguém lembra da animação espanhola As Aventuras de Tadeo, de 2012? Apesar de uma aceitação boa da crítica internacional, pouca gente viu a animação inspirada em franquias como Indiana Jones e Tomb Raider. Com cinco anos de diferença em relação ao original, a continuação chega aos cinemas brasileiros.
Depois da primeira aventura, Tadeo Jones começa a faculdade de arqueologia enquanto trabalha como pedreiro. Ao mesmo tempo, Sara Lavrof viaja pelo mundo em busca de descobertas e fica distante dele. Para remediar a situação, o protagonista pretende pedi-la em namoro. Mas um grupo a sequestra para tentar encontrar o poder do rei Midas, que pode ser encontrado com as pistas que ela tem seguido.
A premissa arqueológica é digna dos materiais aos quais o filme faz referência. Tadeo precisa viajar para vários países do mundo em busca de pistas e partes de um colar com poderes divinos enquanto desvenda segredos em catacumbas. Tudo enquanto corre contra os vilões a cada novo local, o que cria a noção de urgência e de aventura adequada.
Há uma sequência de perseguição com motos nas ruas de uma cidade da Espanha que não deve nada aos melhores filmes do aventureiro vivido pelo Harrison Ford. Todos os ingredientes estão lá. Um MacGuffin que guia o objetivo de todos, perigos que escalam a cada virada e cortes rápidos para as reações dos protagonistas.
Por outro lado, os conflitos dos personagens são mal desenvolvidos. Talvez as crianças se convençam que Tadeo e Sara se amam apesar de só terem trocado um beijo, mas a inocência da proposta é suficiente para remover o espectador um pouco mais maduro da ambientação do filme.
E ficar na torcida para que eles se reencontrem e fiquem juntos é quase impossível, uma vez que ele tem mais desenvolvimento de relação com a coadjuvante Tiffany que com a garota que supostamente é o par romântico dele. Além disso, eles são cercados por pessoas que estão mais em tela para serem alívios cômicos que para serem realmente personagens.
Na verdade, Tiffany é a única que apresenta algum conflito moral. Justamente por isso, ela talvez seja a personagem mais interessante do filme. Em contraste, há a Múmia, um amontoado de piadas sobre um ser ancestral que não compreende a cultura moderna e assusta todos os humanos por ser um morto-vivo.
Ela é a desculpa para piadas fáceis, como um momento em que Tadeo pede uma mão e a Múmia arranca um braço e joga para ele. Pior ainda é o cachorro Jeff, que Tadeo leva para todo canto. Claramente um animal com problemas, ele apenas atrapalha e levanta a questão: por que diabos esse aventureiro carregaria esse bicho para aventuras?
Na parte técnica, o filme tem animações bem feitas, com texturas nos elementos que impressionam pela verossimilhança, mas os efeitos de partículas são muito ruins. Especialmente com líquidos. Uma cena com cimento parece um efeito especial computadorizado de filmes de 1980.
Na balança, a segunda aventura de Tadeo Jones perde o efeito da boa ambientação de aventura ao se esforçar demais em agradar crianças. É até capaz de distrair pelos curtos 85 minutos de duração, mas nunca chega realmente a entreter. Uma pena, porque é possível notar o potencial da franquia e dos realizadores.