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Bill & Ted: Encare a Música (2020)

A onda de retomada de franquias oitentistas no cinema começou há mais de dez anos. A experiência tem sido, na maioria dos casos, decepcionante. Mas quando alguém acerta, é sempre uma delícia reencontrar conceitos e personagens por quem temos carinho. Sempre contra todas as expectativas, a dupla Bill (Alex Winter) e Ted (Keanu Reeves) consegue se destacar.

Depois de 25 anos do segundo filme, a carreira musical de Bill e Ted está em frangalhos. Mas eles recebem a informação do futuro de que têm minutos para finalmente tocar a música que vai salvar o mundo e alinhar todas as realidades. Sem ideia do que compor, eles viajam para o futuro para roubar a música deles mesmos.

Assim como os dois filmes originais são retratos das épocas em que foram feitos, este está muito bem embasado no presente. Se a brincadeira era com a seriedade histórica no 1, e com o sobrenatural no 2, agora é com uma mistura de tudo isso com o universo musical. Com o mesmo humor anárquico que tem base na inocência e na bondade dos protagonistas.

Humor leve, mas inteligente

A equipe criativa que deu vida aos personagens antes se reúne. Os atores principais junto com os roteiristas Chris Matheson e Ed Solomon pegam o fiapo de conceito para a história e o costuram com várias situações cômicas bem sacadas.

A estrutura do filme é muito semelhante às dos anteriores. Bill e Ted descobrem um problema pessoal que pode reverberar no futuro, embarcam em uma viagem psicodélica e resolvem tudo com uma apresentação em um palco. Agora, no entanto, há uma trama paralela. As filhas Billie (Brigette Lundy-Paine) e Thea (a sempre excelente Samara Weaving) partem em uma jornada separada.

Daí ocorrem inúmeras cenas de humor bobo, mas com pequenos detalhes inteligentes que as elevam. Assim como há um momento fácil de perder no primeiro em que comentam a surdez de Beethoven, ou referenciam o cinema europeu no segundo, aqui há uma cena rápida com Jesus sobre o mar de dar risada alto. Destaque para as escolhas das figuras históricas musicais, com uma espécie de reconhecimento aos negros pelas origens do rock.

Visual deixa a desejar

O diretor da vez, Dean Parisot, não possui o mesmo apuro estético e técnico do anterior. Por isso, o filme perde a excelente montagem e fotografia de Dois Loucos no Tempo. No entanto, o avanço tecnológico permite a ele fazer muito mais com a mesma quantidade de dinheiro. O futuro agora é feito em computação gráfica, assim como os ambientes recebem detalhes a mais com a facilitação na produção de adereços.

Por isso, saem as vestimentas de plástico coloridas e super saturadas e entram tons sóbrios de tecidos. A inventividade típica da série, porém, se realça nas escolhas de obstáculos. Agora Bill e Ted enfrentam um robô assassino que parece de brinquedo e remete muito ao absurdo do visual do ceifador no anterior. Inclusive, William Sadler volta para o personagem e até participou da produção do filme.

Com tudo isso acertado, o filme seria um fiasco se não mantivesse a característica principal: a mensagem de gentileza e bondade de Bill e Ted. É possível notar que o enredo é um reflexo sobre o mundo polarizado atual, e como a bondade e o carinho, mesmo que de dois idiotas simpáticos, são caminhos de sabedoria.

Bill & Ted: Encare a Música é mais do mesmo para a série, mas ao mesmo tempo, é diferente o suficiente para ser individual. Faz homenagens aos anteriores, mas não se prende a eles na narrativa própria. E melhor ainda, se faz valer como uma comédia boba, inteligente e atual.

Bill & Ted: Encare a Música (2020)

Prós

  • Humor inteligente foi mantido, e sem preconceitos desta vez
  • Trama é atualizada para se manter relevante

Contra

  • Apuro técnico é perdido
  • História continua sem sentido e com furos no roteiro

1 comentário em “Bill & Ted: Encare a Música (2020)

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