Comédias que zombam de filmes de terror muitas vezes são melhores que as obras do gênero das quais elas brincam. Na verdade, conseguem até funcionar melhor como horror que algumas coisas que se limitam a dar sustinhos. Também brincam com o trash e o gore como piada e fazem com que os exageros usuais consigam ser ainda mais divertidos. Mas de vez em quando, erram a mão na hora de equilibrar os estilos.
Evan não consegue uma promoção no setor de telemarketing onde trabalha. No lugar, quem fica com a vaga é um antigo rival da faculdade, Max. Exatamente quando passa por uma crise no namoro com a colega Amanda. Depois da mudança no ambiente, os empregados começam a mudar de comportamento e Evan tem certeza que isso é influencia negativa de Max.
Grande parte da comédia de Bloodsucking Bastards reside em brincadeiras com o ambiente de trabalho. As relações entre chefes e empregados. As formas como eles se esforçam para ter o máximo de tempo sem trabalho dentro do escritório. O fato de que ninguém nunca sabe o nome dos zeladores e porteiros. Isso tudo temperado com uma trama de vampiros cheia de sangue e nojeiras.
Tim e a colega vampira. Zombaria até com assédio em escritórios.
Os roteiristas Dr. God e Ryan Mitts passam do humor no estilo Como Enlouquecer seu Chefe para começar a fazer alegorias sobre como executivos e patrões gostam de explorar e pedir o anormal dos contratados. O grupo de empregados é desleixado, odeia trabalhar e passa o dia inteiro com troca de piadas sobre sexo. Com exceção de Amanda e Evan. Ele é desajeitado e zombado por todos, o que causa empatia. Ela é bonita, inteligente, participa das brincadeiras idiotas do pessoal, mas é uma namorada adorável longe deles. Quase um estereótipo de “garota perfeita”.
A estereotipação não incomoda porque é tudo uma grande piada. Por isso mesmo, quando o elemento vampiresco é adicionado, não parece tão absurdo ou fora de lugar. Principalmente quando Evan procura ajuda ao porteiro (a melhor coisa do filme) e ao amigo Tim e os dois dizem que já sabem dos vampiros como se não fosse nada demais.
O diretor Brian James O’Connell não é muito bom. As escolhas de câmera se reduzem a planos médios óbvios. Quando começa a violência e a matança, o estilo se mantém. Porém, os enquadramentos estáticos e longos são bons para capturar ação. É quase acidental, mas funciona muito bem. O grande acerto de O’Connell reside na retratação do ambiente de trabalho. Cores pardas em tonalidade baixa são iluminadas por um branco que lembra muito luzes de halogêneo típicas de escritórios. Quanto mais ligados aos vampiros e aos chefes, mais os personagens usam as cores das paredes, sem vida e impessoal.
Max. Roupas que o fazem se misturar ao ambiente.
O’Connell também sabe como lidar com o ritmo do humor. Sabe fazer cortes que ligam ideias para fechar piadas e constrói um estilo cômico que nunca pára. Mesmo durante a matança que dá o tom do clímax do filme. Seja nas explosões dos vampiros quando mortos, seja no fato de que a mocinha é a única que ainda não sabe que está cercada pelos monstros. Ainda tem uma discussão hilária sobre as vantagens entre ser humano e poder curtir os benefícios da vida ou ser um vampiro e aproveitar uma existência imortal e niilista.
O elenco é quase todo formado por comediantes que se divertem tanto quanto a produção quer divertir o espectador. A sensação ao assistir Bloodsucking Bastards é a de que toda a equipe e o elenco se divertiram muito enquanto realizavam o filme e a diversão passou para a obra. Por mais superficial e boba que ela seja.
GERÔNIMOOOOOOOOOOO…