A frase infame dita que existem filmes para os quais o espectador deve desligar o cérebro para aproveitar. Busca Implacável 3 é uma das provas de que a crença popular é ilógica. Filmes de ação com tramas genéricas podem ser bons, basta saber trabalhar suas características padrões. Daí fica tão óbvio quando um filme é tão ruim.
A ex-esposa de Bryan Mills (Neeson), Lenore (Janssen), o chama para uma conversa sobre o casamento atual dela com Stuart St. John (Scott). Quando Mills a encontra, porém, ela está morta. A polícia o flagra na cena do crime e agora ele precisa usar todas as suas habilidades especiais para encontrar o assassino e garantir a segurança da filha, Kim (Grace) enquanto é perseguido pelo inteligente detetive Franck Dotzler (Whitaker). A proposta é bem simples. Dar um ponto final na franquia de ação com o máximo de cenas de Liam Neeson dando porrada possível.
O roteiro é uma loucura. Típica trama de Luc Besson, produtor e roteirista do longa, ela mistura desculpas ilógicas para a violência com um mistério não tão misterioso. Com aproximadamente quarenta minutos de projeção, pode-se notar que os policiais já têm evidências suficientes que provam que Mills não é o assassino, mas eles continuam gastando dinheiro e recursos atrás dele do mesmo jeito. O vilão é óbvio com atitudes maniqueístas que o fazem mau como o Pica-Pau. Mas o pior talvez seja a filha, Kim, que deveria ser esperta, mas tem momentos de revolta estúpidos. Ela sabe que seus gritos e reclamações não vão surtir efeito, mas berra mesmo assim.
Mills pai e filha. Personagens desgastados.
Mas roteiro, em filmes como os dessa série, não importa. O que faz de Busca Implacável 2 e 3 filmes tão inferiores em relação ao original é a troca do diretor Pierre Morel pelo Olivier Megaton. Morel fez do primeiro filme uma pancadaria oitentista divertida justamente porque pouco explorava o roteiro bobo e dava destaque para a ação bem realizada. O que Megaton faz é filmar os momentos de vários ângulos e os edita como em um videoclipe. Sem ambientação, sem construção de cena. Enfim, sem contar a história, apenas a filma de forma a encaixar o que acontece na tela.
Entre a montagem picotada de Megaton, quase nenhuma interpretação se salva. Liam Neeson, Maggie Grace, Famke Janssen nem parecem tentar. Dougray Scott passa vergonha com o papel estúpido e mal escrito que é forçado a fazer. Não vai além do que fez em Missão Impossível 2, uns vinte anos atrás. É onde o talento de Forest Whitaker se comprova. Mesmo com a atuação esmigalhada pela montagem, ele se esforça para criar trejeitos de seu detetive em cada enquadramento.
Arrastaram o pobre Forest Whitaker para o filme.
Não bastasse a baixa qualidade, Busca Implacável 3 ainda é lançado entre grandes filmes de 2014, o que apenas destaca seus defeitos. Quanto à regra de desligar o cérebro, o filme é tão óbvio e bobo que perde a atenção do espectador. Literalmente, desligar a consciência da produção levou ao momento, durante o filme, no qual me peguei pensando em outras tarefas e responsabilidades que tinha que realizar.
fantastic…
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