Cadê a quarta parede que estava aqui?

Recentemente, no Cinema em Cena, vi um post do Pablo Villaça compartilhando um vídeo cheio de cenas de filmes em que se quebra a quarta parede. Eu adorei. Acho o recurso algo fascinante. É uma das brincadeiras com câmera mais inteligentes para se passar uma mensagem de forma sutil, sem apelação para superexposições em diálogos e tomadas desnecessárias.

Mas o que é quebrar a quarta parede? Pense em um cômodo fechado, quantas paredes vai ter normalmente sem contar teto e chão? Quatro. Não é comum aparecer mais do que três dessas paredes em tela, apesar de ser possível. Então a câmera pegou o apelido de quarta parede, como se estivéssemos vendo tudo por essa parede. Quando um personagem olha, para a câmera, conversa com a câmera ou faz qualquer coisa com a câmera (controle sua imaginação). Ele quebra a quarta parede e interage diretamente com o espectador.
Não sei em que ponto começou-se a usar este recurso, mas ele se tornou muito comum em comédias com personagens que completam o humor de uma piada com uma olhadela companheira para o espectador. Mas de vez em quando o vemos usado de forma mais inventiva e interessante.
Um dos exemplos mais recentes é Xingu. No final do filme, os irmãos Orlando e Paulo são obrigados a entrar em contato com os Kreen para salvá-los de um massacre. Depois de muito tempo procurando por vestígios da tribo, os dois param e ficam encarando alguma coisa fora de quadro. Corta para um integrante dos Kreen, e eventualmente um close-up no rosto do indígena, que ocupando toda a tela, olha direto para a câmera e, através dela, direto para nossos olhos. Não foram apenas os irmãos Villas Boas que encontraram os índios, fomos nós também. Toda a nossa sociedade invadiu e modificou a vida daquelas pessoas.
Esse é apenas um exemplo. No vídeo de Matt Zoller Seitz e Leigh Singer haverão muitos mais. Tente compreender o significado de cada um deles. Por que o personagem está falando ou apenas nos olhando? Clique aqui para ver.
GERÔNIMOOOOOO…