Indo às cabines de imprensa aprendi algumas coisas sobre a divulgação nacional de filmes. Uma delas é a seleção de títulos em português. Em meio a discussões entre colegas e o pessoal da divulgação, descobri que quem dá os nomes brasileiros para os filmes é o departamento de marketing das distribuidoras nacionais.
Essa é uma piada constante relacionada ao cinema no Brasil. Quem nunca tece uma conversa sobre nomes de filmes? Esses papos sempre levam a risadas relacionadas a nomes malucos. Eu até já escrevi uma vez sobre o assunto. Mas agora a ideia é ser um pouco mais informado.
Recentemente o assunto foi alimento para polêmica com o anúncio de que o nome em português de Saving Mr. Banks seria Walt nos Bastidores de Mary Poppins. Não existe desculpa aqui, eu entendo os argumentos comuns de quem trabalha dando títulos, mas nada justifica Walt nos Bastidores de Mary Poppins.
Os departamentos de marketing e distribuição de filmes para o Brasil recebem uma pressão internacional gigantesca para vender as produções no país. Se um filme não faz sucesso, eles chegam a ser culpados por isso. Eu simpatizo com o problema e compreendo. Mas ninguém nunca vai ser capaz de falar a favor de Walt nos Bastidores de Mary Poppins.
Por diversos motivos. Primeiro porque o título é nome de making off de DVD. Segundo porque se a ideia era resumir a trama para pessoas menos informadas. Em teoria, pouca gente conhece Mary Poppins o bastante para reconhecer o nome do personagem Sr. Banks. Mas convenhamos, eles poderiam ter resumido de verdade ao invés de duplicar o número de linhas no poster. Terceiro porque é muito fácil fazer piada de cunho sexual com o título brazuca.
Nem vou defender a proposta de chamar o filme de Salvando Sr. Banks. Mas se é pra resumir e fazer compreensível para o público nacional, por que não algo como Walt Disney e Mary Poppins? É um nome ruim? É, mas é muito mais lógico e adequado para a proposta de marketing do filme que Walt nos Bastidores de Mary Poppins.
É claro que não sou especialista em marketing nem sou atuante na área. Por outro lado, duvido muito que o brainstorm de onde saiu o título nacional não tinha ideias melhores. Ideias desses especialistas do mercado.
Ainda assim, conheci pessoas que dão títulos em português para filmes e ouvi seus argumentos. Apesar de compreender seus motivos, não mudo a opinião de que os nomes são péssimos. Mas títulos não alteram qualidade do produto e só me incomodam de verdade porque muitas vezes vendem algo que não é o que o consumidor está comprando.
Pelo menos no caso dos bastidores de Mary, o título estúpido vende exatamente o que o espectador vai consumir.
ALLONS-YYYYYYYYY…