Carrie é um dos clássicos do cinema adaptados de uma obra do Stephen King. Dirigido por um dos responsáveis da reinvenção de Hollywood na década de 1970, é um dos grandes filmes de terror. Como a maioria deles, está ganhando um remake.
Adolescente estranha do ensino médio descobre, ao mesmo tempo em que atinge a puberdade, que possui poderes de telecinese. Ela sofre com o peso da mãe religiosa fanática e dos colegas que não a compreendem e a tratam mal.
O filme lida com diversos elementos recorrentes na obra do Stephen King. Fanatismo religioso, questões sociais, falta de comunicação entre as pessoas, intolerância. O autor sempre explora o mal relacionado à própria humanidade. De certa forma, nós somos capazes de atrocidades piores que monstros, espíritos e até desorientadas meninas com poderes.
Carrie é uma bomba relógio. Seus poderes fazem com que se sinta mais segura e se imponha mais, tanto com a mãe quanto com os colegas. Mas ela não é o problema verdadeiro, não se comparado com a maldade das pessoas ao seu redor. Não fosse o mal provocado contra a garota, ela não iria querer fazer nada pra ninguém.
Mas as relações humanas são complicadas. Mesmo aqueles que não querem ser malvados acabam auxiliando para seus problemas. Seja a professora que tenta estimular Carrie a se sentir mais a vontade, a garota que arranja um encontro ou o garoto que a faz se sentir bonita e querida. Às vezes má interpretações e erros de compreensão fazem com que boas intenções tenham repercussões cruéis.
Brian de Palma adapta o texto com brilhantismo. Faz múltiplas referências e homenagens a Psicose, com direito à trilha sonora, um cartaz escrito Bate’s Warning, a cena da mãe assassina com a faca no banheiro. Mais do que isso tudo, dirige o filme como se quisesse deixar orgulhoso o próprio Hitchcock.
Você sempre sabe de tudo o que está acontecendo quando o filme chega aos momentos de suspense. Sabe onde estão os antagonistas, qual o plano deles e o quanto falta para realizarem. Sabe onde estão os aliados de Carrie e o que é necessário para que consigam ajudar a garota. Assim você sente medo, porque consegue sentir a desgraça chegando antes que ela aconteça.
Para isso, de Palma cria aqueles longos planos pelos quais ficou famoso nos quais a câmera viaja através do cenário e apresenta todos os personagens naquelas situações. Faz parecer mais real ao mesmo tempo em que auxilia este suspense.
O diretor ainda cria cenas maravilhosas, como a cena da janta de Carrie com a mãe diante de uma cópia da Santa Ceia. A fotografia faz parecer que as duas estão dividindo a mesa com Jesus e os apóstolos. O tempo inteiro estão presentes diante de deus, até que a mãe começa a agredir a filha. Com um movimento de um copo, a fotografia apaga o quadro e vemos que as duas estão perdidas da religião.
Não é a toa que se tornou um clássico do cinema de terror. Rápido e minimalista, o roteiro não se perde em desenvolver tramas mirabolantes. Apenas se foca na história da garota fruto do ódio alheio.
É interessante ver o elenco deste filme. Sissy Spacek, Nancy Allen, John Travolta e a Amy Irving. Todos jovens e antes da fama. Destaque para o John Travolta, que cria um vilão por quem sentimos ódio honesto. Todos os outros também estão ótimos.
Apenas vá para a Netflix e assista.
FANTASTIC…