A imagem acima e o título deste filme já dão uma ideia do mistério por trás da trama. De fato, existe uma edificação flutuante. A graça aqui é descobrir o que é o troço entre as nuvens e como ele é possível. Principalmente em uma história infanto-juvenil com tons oitentistas. Uma ironia quando se pensa que é do diretor que se preocupa principalmente em fazer filmes para os jovens japoneses.
Pazu é um menino orfão que vive em uma comunidade mineira que sobrevive da extração de carvão da região. Enquanto trabalha durante uma noite, ele vê uma garota cair do céu. O nome dela é Sheeta e os dois desenvolvem uma amizade quase que imediata. Ela possui uma pedra presa no colar que tem poderes mágicos e é perseguida por piratas e por agentes militares. O espectador parte junto com as crianças na aventura alimentada pelo mistério do colar, dos vilões que os perseguem e do tal castelo no céu, que ambos já ouviram falar, mas não sabem o que é.
Pazu e a misteriosa menina que caiu dos céus. Mistério envolvente.
O filme é fortemente influenciado pelo livro As Viagens de Gulliver, que possui uma ilha voadora chamada Laputa, o nome do tal castelo voador no desenho. Tal como toda a obra do diretor Hayao Miyazaki, o filme foi concebido a medida em que era feito e os temas da obra dele aparecem aos poucos durante as situações. Inclusive Laputa. Eventualmente descobre-se que a ilha foi realizada por uma civilização mais avançada tecnologicamente. Essa tecnologia avançada se desenvolveu sozinha e passou a conviver em paz com a natureza.
É o tema principal do filme. O diretor não é contra evolução tecnológica, ele é contra industrialização e o desvencilhar com o natural. A idealização da tecnologia aqui se revela com o robô que passou a existir para cuidar da vida animal que se formou nos arredores do castelo. Toda a trama leva para a descoberta deste autômato. A jornada das crianças revela um mundo de dominação e conquistas e os dois representam o amor sentido ao extremo. Eles respeitam um ao outro, ao mundo e a todos. O conflito final é uma forma de reduzir todo o avanço em Laputa numa forma de sustentar o meio ambiente.
O problema aqui é o ritmo. Miyazaki está tão interessado em apresentar conceitos caros para ele que muitas vezes desvia a atenção da busca pelo castelo em discussões acerca do amor puro que surgiu entre as crianças. Quando o filme chega ao clímax, mais uma vez, a grandiosidade da ação envolve tantos elementos que ele se perde até chegar ao confronto com o verdadeiro antagonista, que é a parte realmente interessante.
O robô em contato com a natureza.
No geral, é uma mistura interessante entre estilo de aventura americana oitentista com o estilo de Miyazaki. Os dois combinam bastante. O diretor usa músicas com bastante sintetizadores, muitas vezes os desenhos nas animações passam por transições para um retrato, para representar a beleza e grandiosidade que a imagem passa para os personagens. É uma escolha para mostrar um enquadramento subjetivo.
É uma bela aventura com um excelente mistério regido por um dos grandes diretores com um estilo único. Peca um pouco por excessos e problemas de ritmo, mas ainda captura a atenção pela curiosidade do que diabos é a pedra no colar, o castelo, a menina que caiu do céu e as pessoas que a perseguem.
FANTASTIC…