Michael Mann é um desses grandes diretores que ficam apagados em Hollywood. No currículo, alguns clássicos como Fogo Contra Fogo, que marcaram o cinema de ação urbana. Mas ele se interessa por mais que apenas os tiros. Quando faz algo como este Colateral, busca uma discussão maior. Ao mesmo tempo em que ele faz com que o suspense e a violência sejam ótimos e conduzam o espectador através da produção, ele também garante o ritmo do filme por meio de Max (Jamie Foxx) e Vincent (Tom Cruise), os dois personagens principais.
Eles não são apenas antagonistas, mas antíteses. O primeiro é um homem de ética, calmo e disciplinado. Também está estagnado no sonho de virar um empresário e não percebe que não tem, realmente, a motivação para seguir adiante com os objetivos. Quando o segundo, um assassino profissional, entra no táxi dele, Max é forçado a ir contra a própria natureza para sobreviver.
Entre inúmeras cenas de suspense, os dois conversam sobre o significado da vida, objetivos, metas, como se comportar e outros valores. Sempre em posições contrárias nas discussões. Lá pelas tantas, Vincent não entende por que Max parou de repente, no meio da rua. Até ver um grupo de coiotes atravessar a rua. Algo parece estranho para ele. E a música do Audioslave, Shadow on the Sun, sobe para dar o tom daquele contraste.
Para Vincent, Max é fraco, estagnado, e uma oportunidade para limpar os vestígios no fim da noite. Mas parar para um pequeno grupo de animais selvagens revela algo incompreensível para ele. O respeito pelo alheio. Mesmo com um homem perigoso no banco de trás, Max se permite parar para aqueles bichos. A cena também dá o tom para o que vem a seguir no filme, um tiroteio confuso em uma boate.
Veja abaixo.
Por essa e por outras, Colateral ainda se mantém como um dos meus filmes favoritos. Mesmo 15 anos depois do lançamento.