Décadas atrás, Hitchcock não era um diretor bem quisto nos Estados Unidos. Pelo menos, não pela crítica. O público lotava as salas de cinema para ver os novos suspenses dele, que misturavam estilos de linguagem ousados com histórias rápidas, cuja intenção principal era divertir enquanto abordava os desesperos e obsessões humanas.
Num dos melhores filmes dele, Disque M para Matar, o diretor ambienta toda a trama em um apartamento, no qual o rico ex-tenista Tony Wendice (Ray Milland) descobre que a esposa o trai e articula um plano para acabar com a vida dela e ficar com a herança. A trama dá errado e Tony precisa pensar em uma saída de última hora para escapar da prisão.
Tudo acontece no apartamento. Desde o acordo com o assassino até o ato em si e, por fim, as investigações posteriores. O único momento que se passa fora do cenário é uma rápida sequência que mostra todo o julgamento de Margot, a esposa. Para fazer isso, Hitchcock apenas mostra o rosto de Grace Kelly, intérprete da personagem, enquanto ela recebe as idas e vindas dos caso.
Ao invés de usar cenários de tribunais, centenas de figurantes, cortes e cenas alongadas, o diretor filmou a passagem de semanas em um único take de pouquíssimos minutos. As cores e as fontes de luzes indicam as mudanças de quem a acusa e dos sentimentos dela. A intenção desses recursos é mostrar como todo o processo foi confuso para a personagem.
Assista à cena abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=jpjEa2_XCmw