Comédias românticas talvez sejam os filmes com maior preconceito atualmente. Em grande parte porque o valor de produção do gênero não gera retorno suficiente com os padrões de estúdio e de independentes, então eles não são mais feitos. Mas muito também porque o número de obras de baixa qualidade é altíssimo. Está muito errado quem acha que não é possível haver uma comédia romântica boa. Basta relembrar de Harry & Sally.
Ainda hoje, o filme de Rob Reiner, o mesmo diretor de Conta Comigo e A Princesa Prometida, é reconhecido como uma das comédias mais engraçadas da história do cinema. Em grande parte pelos hilários diálogos entre Harry (Billy Cristal) e Sally (Meg Ryan) sobre relacionamentos, perspectivas de vida e diferenças entre homens e mulheres.
Os temas sempre são interessantes quando bem abordados, mas nas trocas entre um homem cínico e uma mulher terrivelmente otimista ganha uma graça a mais com o excelente olhar blasé de Cristal para fatos e a necessidade de Ryan de tentar argumentar e tornar o amigo alguém mais bem humorado.
Nesta cena, quando a amizade dos dois evoluiu ao nível de serem tão cúmplices quanto um casal normal, a ideia é sugerida pela técnica de divisão da tela. Os dois moram em casas separadas com ambientes diferentes. Mas a forma como as imagens são sobrepostas revelam a verdade do relacionamento. Eles dividem a mesma cama, assistem filmes juntos e conversam como se fossem casados.
Bem simples e sem grandes inovações. Mas ainda rico na narrativa. Veja a cena abaixo. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=RslAFE5nZrc]