Um pouco de história (importante) do cinema americano: Em determinado ponto dos anos 1950 um homem chamado Roger Corman percebeu o apelo do público jovem. Ao invés de seguir o viés que a indústria acompanhou duas ou três décadas depois, Corman passou a fazer filmes de baixo orçamento para conseguir o lucro necessário que os adolescentes estavam dispostos a dar para filmes sobre alienígenas, monstros e todo o tipo de coisa que desperta a imaginação dessa audiência. Uma dessas pérolas foi A Loja dos Horrores.
O agora clássico cult foi o quarto filme para o cinema com a participação do ator Jack Nicholson. Hoje as distribuidoras que tentam vender o filme para o home video metem o nome dele nas capas mesmo que ele apareça por menos de cinco minutos da produção. Isso porque o filme se tornou tão popular após ser adaptado para o teatro em Nova Iorque e ganhado um remake musical com grande orçamento 26 anos depois. Felizmente, o original de Corman estava disponível entre as vendas dos títulos de uma locadora que abria processo de falência em Brasília, onde o adquiri por míseros cinco reais.
A fortuna foi ainda maior por ter uma cópia do remake em DVD na residência graças à boa vontade da esposa de um amigo. Com os dois filmes em mãos, foi possível fazer uma sessão dupla. E que surpresa descobrir que algumas das melhores cenas dos dois filmes são as mesmas: o paciente masoquista que procura um dentista que lhe cause dor. Melhor ainda por descobrir dois grandes e excêntricos atores com versões diferentes de um mesmo papel.
Na primeira versão, de 1960, o protagonista Seymour Krelboyne se protege de um dentista que quer provocar dor nele e o mata acidentalmente. Justo quando tenta escapar, um novo paciente aparece. Para se livrar de uma possível testemunha e escapar do assassinato acidental, Seymour recebe o homem, vivido por um desconhecido Jack Nicholson.
Um dos acertos de Corman é ter a consciência de que o filme que realizava não era uma produção séria. Por conta disso, fez com que todos os contextos de A Loja dos Horrores fossem piada. É onde entra Nicholson e uma interpretação bizarra e repleta de exageros do que é uma pessoa masoquista. Enquanto Seymour não sabe o que faz com as brocas e apetrechos ortodônticos, mais o senhor Wilbur Force sente dor. Justamente o que o paciente procurava.
Assim, sarcasticamente e em tom de absurdo conveniente, Seymour consegue escapar do crime que cometeu. O espectador esquece de tudo porque a risada é conveniente. E Nicholson já entregava uma interpretação digna da fama do resto da carreira dele como ator. Mesmo que cheia de bobagens nonsenses. Veja a cena abaixo. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=LPQSiTIb2Ac]
ALLONS-YYYYYYYYYYY…