A década de 2000 de vez em quando presenteava as pessoas com sucessos independentes surpresas. Foi o que aconteceu com Juno e Pequena Miss Sunshine. Mas ainda antes desses dois, houve Napoleon Dynamite. Infelizmente, a comédia sobre pequenas tragédias pessoais nunca chegou aos cinemas daqui. Foi lançado diretamente em DVD. Mas já é considerado um clássico cult.
No meio dessa pérola, a famosa cena em que Napoleon dança é, talvez, a coisa mais emblemática. Não apenas pela piada daquele cara desengonçado que se remexe na frente de centenas de pessoas. O gesto de Napoleon é quase um sacrifício pessoal. Sem querer, se torna uma catarse. Não só porque ele é bem sucedido, mas porque é um resquício de vitória para aquelas pessoas que correspondem ao triste estereótipo americano do loser.
Para contextualizar: Napoleon é um garoto estranho, desajeitado, magrelo, encurvado, com óculos enormes e um problema de respiração que o faz ficar com a boca aberta o tempo inteiro. Ao redor dele, um microcosmo de pessoas estranhas que não se adequam vivem constantemente com pequenas derrotas rotineiras. Napoleon faz um curso de dança, mas nunca revela o que tem aprendido porque tem certeza que é mais uma razão para passar ridículo.
Quando o amigo descendente de mexicanos se candidata para ser o presidente do grêmio escolar, cai em uma armadilha. Depois dos discursos de cada candidato era para haver uma apresentação, mas nenhum deles recebeu essa informação. Diante da possibilidade de ver o amigo sofrer mais humilhações, Napoleon aceita um pequeno sacrifício que apenas revela a verdadeira grandeza do personagem.
O resultado final é recebido com êxtase pelo espectador. Porque todos se identificam com quem perde constantemente e mesmo as vitórias ínfimas podem ser gloriosas. Veja a cena. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=ELBy5stH3b8]
ALLONS-YYYYYYYYY…