Em tempos de Jurassic World, nada melhor que lembrar de Jurassic Park. Principalmente para lembrar o que o antigo fez certo e este errou. A discussão de ficção-científica. Enquanto World resumia o debate sobre o que foi certo e errado em criar um bicho novo através de pequenos diálogos mal escritos, Park tem esta cena imortal.
Na história, os paleontólogos Alan Grant e Ellie Sattler são chamados para atestar um novo parque temático. Ao chegar lá, são apresentados às pessoas com quem farão o teste. Além do dono do lugar, John Hammond, estarão acompanhados do advogado e do doutor em matemática fictícia Ian Malcolm. Nenhum deles sabe o que testemunharão. Pequenas pistas surgem, como plantas que não deveriam existir a milhões de anos. Até que vêem um brontossauro vivo.
Eles recebem explicação sobre como dinossauros podem existir e até testemunham o nascimento de um velociraptor. Então, em um almoço cercado por telas e projetores de vídeo, os especialistas dão a opinião deles acerca do parque antes de fazer o passeio que será apresentado aos turistas.
Eis o que pra mim se tornou a grande cena do filme depois de redescobri-lo mais velho. Sim, as cenas de ação são icônicas e de uma maestria de direção única. Mas este diálogo é o que faz com que todo o filme ainda seja relevante. Esqueça os efeitos digitais que sustentam 22 anos depois ou as relações bem escritas dos personagens. Ao se colocar diante de pessoas bem humoradas de diferentes áreas de ciência e um advogado inescrupuloso, Hammond percebe que as pessoas com quem simpatiza são justamente as que são contra o que ele construiu.
Mas não são apenas os discursos, é como eles foram escritos. Adaptados do livro de Michael Crichton pelo próprio escritor e pelo roteirista David Koepp. São adequados a como cada personagem pensa e age e são significativos. Nas mãos de Spielberg, os projetores viram holofotes de luz que engrandecem as vozes daqueles homens. O diretor esconde os presentes que não participam até eles serem convocados para a conversa. Então dá destaque para as ideias deles. Principalmente para Alan, que fecha o debate com uma lógica inquestionável.
Preste atenção em como o personagem do Jeff Goldblum domina a primeira parte da conversa, sempre com mais destaque nos enquadramentos. Até o momento em que Ellie e Alan dão as opiniões deles e o foco muda para o outro lado da mesa. E os atores vendem o que falam. Todos eles parecem realmente acreditar em cada palavra dita. Combinação de bom texto, com boa direção e boas interpretações são coisas raras. E por isso, peço que esta cena receba atenção.
Infelizmente só a encontrei em baixa qualidade, mas pelo menos não está filmada de uma TV e o áudio está ótimo. Veja abaixo. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=0Nz8YrCC9X8]
FANTASTIC…