Ainda considero este Rush um dos filmes mais injustiçados de 2013. No tom histriônico típico da dupla de diretor e produtor composta por Ron Howard e Brian Grazer respectivamente, a produção faz barulho com os confrontos reais dos pilotos de fórmula 1 Nicki Lauda e James Hunt.
Pastiche é a palavra de ordem. Desde o tom amarelado feito para simular fotografias antigas nas imagens, passando pelos efeitos especiais detalhados dos motores dos carros em câmera lenta, até a marcha retumbante de Hans Zimmer, a sutileza parece passar longe da direção de Howard.
Mas existe algo de belo na abordagem dele sobre o roteiro de Peter Morgan. Lauda e Hunt se odiavam e se admiravam ao mesmo tempo. Com comportamentos opostos, eram os dois melhores. E talvez o que mais os irrita na história seja justamente a compreensão de que têm mais em comum do que gostariam de admitir.
Justamente por isso, essa é uma das cenas que amamos do filme. Depois de cerca de duas horas de choques, Lauda se abre para Hunt sobre a epifania que teve enquanto ficou no hospital se recuperando das queimaduras no corpo. É didático e usa o personagem para explicar para o público o que ocorreu até aquele momento, mas mesmo com todo o barulho, existe algo de poderoso nas palavras ditas.
Seja o fato de que os dois amadureceram ou as excelentes interpretações de Daniel Brühl e de Chris Hemsworth, a verdade é que talvez apenas dialogue emocionalmente comigo. Seja como for, Rush merece ser redescoberto e a cena relembrada. Veja abaixo. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=AcJkVa7MsrQ]