Polêmica é o que não falta com a franquia Tropa de Elite. Feito para ser um crítica a diversas camadas da sociedade, o filme foi roubado pela presença do ator Wagner Moura, que criou empatia pelo icônico Capitão Nascimento. Infelizmente, porque a produção foi mal compreendida, as pessoas acharam que ele é o herói, ao invés de mais um dos criticados.
De forma muito parecida com o americano Batman: O Cavaleiro das Trevas, este é um filme sobre a alma de um personagem. Matias, focado em se tornar um policial honesto que trabalha com base na ideia de justiça e direito, se vê aos poucos destituído dos valores com o nível de desigualdade e injustiça que encontra na sala de aula, na favela e dentro da polícia.
E Nascimento usa e abusa dessa quebra para, além de quebrar a lei e ser tão abusivo quanto os outros ao espancar e torturar pessoas, transformar Matias no mesmo tipo de problema que ele é. Com crueldade, ele nega à última vítima na história até mesmo o direto de um desejo final. E mais, faz com que o personagem dê o passo que falta para se tornar o policial violento e truculento que o capitão acha necessário.
E José Padilha, um diretor exímio, faz algo admirável ao colocar Matias com a escopeta apontada para a câmera. Não é apenas a um traficante que os dois personagens negam as vontades e desconfigura a imagem. É ao espectador brasileiro que, em qualquer camada social, é ao mesmo tempo culpado e vítima. Não à toa, é uma das obras primas do cinema nacional. Veja a cena abaixo. [youtube=https://www.youtube.com/watch?v=1QuKJJ2z_eQ]