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Chamada a Cobrar

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Anna Muylaert vem sendo tratada como um dos nomes mais promissores do cinema nacional. Roteirista de vários filmes e projetos para TV e diretora do famoso Durval Discos, Anna volta para a direção para realizar esse Chamada a Cobrar. Mesmo grandes diretores erram de vez em quando. Tomara que seja o caso de Muylaert.

O filme começa mostrando a rotina de uma mãe de classe alta que foi abandonada pelo marido e é esquecida pelas filhas. De repente, ela recebe uma ligação a cobrar. A voz do outro lado diz ser um bombeiro que encontrou um celular dentro de um carro acidentado. O celular tinha o número da casa da protagonista. Ela acaba revelando o nome das três filhas para o bombeiro que fala um português errado e carregado de gírias. Obviamente, ela está caindo no golpe dos falsos sequestros.

Eu sempre imaginei que seria uma premissa interessante para um filme de suspense. Mas este filme mostra que eu estava errado. O golpe é tão óbvio que duas coisas ficam claras desde o começo. A protagonista é uma idiota e o filme vai ser sem graça.

Está bem que existem pessoas que realmente caem nesses crimes. Mas o filme faz um desfavor a elas. Porque elas ficam parecendo tão chatas e ignorantes que qualquer empatia se perde.

Muylaert fez o filme deixando os atores improvisarem à vontade. Gera momentos constrangedores com os artistas tentando encontrar as palavras certas, com um tentando se sobrepor às falas do outro. Ainda piora com os momentos de ligações telefônicas. A protagonista e o bandido possuem diálogos terríveis.

Ele a faz comprar centenas de reais em cartões telefônicos e passar os número de todos os seus cartões de crédito. Depois ela gasta ainda mais dinheiro em tênis e eventualmente entra em seu carro e sai em uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro. Sempre conversando com o criminoso.

A protagonista no carro. Road movie perdido.
A protagonista na viagem mais chata da história.

Ou seja, é um road movie. Leva uns vinte minutos pra entrar na estrada, depois mais cinquenta minutos dessa viagem enfadonha. Tudo para chegar a um final inacreditavelmente vazio. Com a tentativa do aumento do suspense, parece que vai chegar em algum lugar, mas o resultado tem a mesma profundidade do resto.

O bandido começa a gritar indignações relacionadas a questões sociais. É uma tentativa de fazer uma crítica. Mas feita através dos gritos ignorantes e não pensados do antagonista fica tola e sem sentido. Dá mais raiva dele do que faz pensar sobre os temas levantados.

Com a péssima direção de atores, ninguém do elenco se salva. Mesmo que todos se esforcem muito. Sobra para o Lourenço Mutarelli. O escritor parece estar ciente do ridículo na tentativa de atuar naquelas condições e faz um delegado hilário, que fica riscando em uma folha de papel para ter em que se concentrar.

Lourenço Mutarelli parece estar mais brincando que atuando.
Lourenço Mutarelli mais brincando que atuando.

O que deveria ser um suspense rápido vira uma comédia involuntária e ruim. Deu pra dar aquela cochilada. Tomara que Muylaert volte a fazer filmes como Durval Discos.

 

GERÔNIMOOOOOOOO…

1 comentário em “Chamada a Cobrar

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