Postado em: Blog

Cine Drive-in

5645091794_8656f770cf_z
Recentemente, por algum motivo, o Cine Drive-in de Brasília tem virado pauta de muita gente. Ganhou matéria em alguns veículos e ainda vai ser o foco de um longa a ser lançado em breve. Ele é muito famoso por ser o último do tipo no Brasil. Literalmente, todos os outros cinemas onde se assiste filmes dentro do carro do país fecharam, com exceção do de Brasília.

Porém, se você perguntar para o público brasiliense, pouca gente conhece o Cine Drive-in. Todos sabem que ele fica localizado no autódromo da cidade, mas as pessoas com idade abaixo dos vinte anos provavelmente nunca sequer foram lá. O público mais velho lembra de tempos nos quais visitava o cinema para namorar, para não dizer outras coisas. E, como ouvi testemunhos, muitos pais dizem para os filhos que o Cine Drive-in é um lugar de safadezas e não deve ser frequentado.
Mas esse não é o único motivo pelo qual o cinema não é muito famoso. Eu mesmo o esqueci completamente por anos apenas porque nunca o via nas programações de cinema. Simples assim. Como eu estou sempre querendo ver os horários dos lançamentos, acabo vendo as salas da cidade, com exceção de algumas poucas, como o cine Drive-in. Por quê? Porque eles não passam filmes novos.
A proprietária Marta Fagundes diz que tenta sempre colocar filmes que estão também em cartaz em outros cinemas, mas nunca passa filmes que estrearam na semana. De acordo com ela, isso se dá porque filmes em películas são mais raros e que, para ter filmes recém-lançados, é preciso ter um projetor digital. Até certo nível, faz sentido. Filmes em formato digital facilitam muito a distribuição uma vez que, para exibir as produções, basta receber um HD com o arquivo das distribuidoras. Com a película, é preciso receber mais de uma lata grande com rolos de filme. Sem contar que criar a cópia digital é mais fácil e o arquivo não se desgasta com o uso, como se dá com a película. Ainda assim, na semana do lançamento de Guardiões da Galáxia, eu e minha namorada fomos assistir ao filme em uma sala com reprodução em 2D. Não foi surpresa que esta sessão fosse em película no lugar de digital. Ainda assim, o filme não foi lançado no Drive-in.
Neste clima de redescoberta do local, fui assistir a Como Treinar o seu Dragão 2 pela terceira vez, porque realmente amei o filme. Desta vez com um amigo que ainda não o havia visto. Antes de chegarmos ao local, passamos em um drive-thru para comprar comida. Chegando lá, compramos o ingresso, que é barato se comparado com outros cinemas, e estacionamos o carro diante da tela.
A tela do Drive-in é a maior do país, porém, de dentro do carro, em um estacionamento bastante afastado, o tamanho não impressiona. A tela é colocada em uma grande altura e, para não ficar além do limite do para-brisa dos carros, é preciso que as vagas sejam afastadas. Sendo assim, o tamanho da tela não faz diferença. A imagem chega pequena para os espectadores.
Para ouvir o áudio, é preciso ligar o rádio na estação 88,7 FM. O que atrapalha em carros modernos porque, como acontece no meu, alguns sons automotivos se desligam sozinhos após alguns minutos para economizar bateria. O que causou um incômodo constante durante a exibição quando o áudio era cortado de tantos em tantos minutos. Como não sabíamos que havia uma opção de pedir uma caixa para ouvir o áudio, o som ficou cortado no meio de diversas cenas importantes.
A iluminação artificial da cidade é mais forte atualmente que em tempos passados. E como o Drive-in se encontra no autódromo, existem muitos postes de luz na região ao redor. Isso cria um contraste de luz que ofusca as imagens que chegam na tela. Nas cenas claras, não atrapalha tanto, mas nas escuras, é difícil entender o que se passa.
Uma das coisas que eu mais gostei é que, quando o filme acabou, apenas liguei o carro e fui embora. Sem fila, sem complicações, apenas saí e fui embora. Não teve estacionamento para pagar, shopping para cruzar ou qualquer outro problema usual.
De acordo com os clientes assíduos do Drive-in, a ida para o cinema é boa porque podem fumar à vontade durante o filme, porque não tem diversas complicações, porque ficar nos carros é confortável, porque o céu de Brasília é agradável. São mil e uma razões relacionadas a conforto e facilidades. Nenhuma relacionada à qualidade de exibição dos filmes. E como eu e meu amigo pudemos constatar, não vale a pena ir lá se o objetivo for realmente assistir um filme. Tanto o é que meu amigo disse que vai assistir a Como Treinar o seu Dragão 2 novamente porque sua experiência foi muito poluída.
Gosto da ideia de resgatar parte da cultura cinematográfica da cidade, mas preciso dizer que o Drive-in de Brasília precisa passar por renovações o mais rápido possível. É muito bonito tratá-lo como resgate romântico, mas em termos de praticidade, ele é incômodo para quem ama cinema.
 
ALLONS-YYYYYYYYYYY…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *