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Clube de Compras Dallas

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Na década de 1980, ter AIDS era praticamente sinônimo de ser homossexual. Apesar desse grupo ter representado mais de 70% das infecções no período, muitos heterossexuais acabaram expostos ao HIV. Dentre essas pessoas, um eletricista chamado Ron Woodroof foi obrigado a viver com o terrível preconceito que ele sequer sabia que forçava sobre os outros.

Woodroof vivia o resquício dos cowboys estadunidenses. Participava de touradas, era extremamente preconceituoso em diversos níveis, seu sotaque era claramente sulista e se vestia com botas, calças jeans, chapéus de vaqueiros e casacos de couro. Ele era tão ignorante que, ao ser avisado que tem AIDS, quase ataca o médico por se sentir ofendido.

Até então, sua vida era de excessos. Drogas de vários tipos, tanto legais quanto ilegais, sexo com diversas pessoas desconhecidas, além de algumas atividades criminosas. Por conta disso tudo, Woodroof já estava em condições extremas ao ser notificado sobre a doença, com previsão de 30 dias de vida.

O único remédio reconhecido para o tratamento era o AZT, que ainda estava em fase de testes. Ou seja, para poder receber o comprimido, o infectado deveria se inscrever em um programa, ter a sorte de se encaixar no perfil requerido e torcer para que a mostra que está tomando não seja de placebo.

Com o tempo contado, Woodroof começou a traficar o remédio até ter um colapso e descobrir um médico no México que o informou melhor. Drogas diminuem a eficiência do sistema imunológico, assim como o próprio AZT, que é um remédio altamente tóxico. A mistura quase o matou, porém, estando no México, ele tem acesso a outros remédios muito mais efetivos e valorosos para HIV positivos. Principalmente, remédios não tóxicos.

Woodroof percebe a demanda enorme pelos remédios e que poderia traficá-los. Então abraça a oportunidade e vai aos poucos se ligando às comunidades LGBT para conseguir vender. O contato se dá por conta de oportunidade de negócio, mas pouco a pouco Woodroof vai descobrindo o valor de ajudar pessoas a lutarem por suas vidas.

O famoso CDC (Centro de Controle de Doenças) forçou o AZT sobre a população. A agência reguladora vendeu a ideia de que o remédio era o único tratamento legal e saudável por conta de lobby das empresas farmacêuticas. Nessas condições, o remédio se tornou o medicamento mais caro até então na história do país. Literalmente, o instituto regulador de medicamentos dos Estados Unidos estava dando remédios tóxicos para pessoas moribundas para ganhar mais dinheiro corrupto.

Então o filme que trata sobre a personalidade histórica acaba ganhando tons de acusação. A sensação de revolta toma conta do espectador diante das injustiças que os personagens sofrem. O outro foco do filme é a vontade daquelas pessoas de sobreviver.

Surgem então os dois momentos mais fortes do filme. O primeiro, quando Woodroof percebe pela primeira vez que vai morrer. É quando se justifica a indicação de Matthew McConaughey. Mais forte ainda é quando seu parceiro de negócios, Rayon, passa mal durante um momento íntimo e desabafa com o namorado. Se McConaughey é uma potência em cena, Jared Leto (intérprete de Rayon) é um furacão. Encarna o personagem e conquista tudo e todos com sua belíssima atuação.

Quase todos os enquadramentos são de câmeras tremidas, com forte tom documental. O que normalmente funciona para dar uma sensação de verossimilhança maior, aqui serve para colocar o espectador mais próximo dos personagens. Quando andam em grupo, tem-se a impressão de estar andando entre eles.

O elo fraco na corrente formada pelo elenco é a participação da Jennifer Garner como uma médica envolvida com Woodroof e seus companheiros. A atriz até que não está mal, mas diante de McConaughey e Leto fica apagada.

O filme como um todo é uma representação muito bonita daquelas vidas. Também é uma excelente homenagem para todos aqueles que já sofreram com a doença e com preconceito. Merece uma assistida em nome de todos esses problemas que infelizmente ainda são tão atuais.

 

ALLONS-YYYYYYYY…

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