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Cortina Rasgada

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Cortina Rasgada é um filme complicado na carreira de Hitchcock. Teve problemas com roteiro, atores, compositores, estúdio e por aí vai. Mesmo com todas as complicações, ele manteve a qualidade do filme e se esforçou para criar algo com mais características pessoais.

Um casal formado por um cientista e sua assistente viajam para um encontro na Suécia. Lá, porém, o homem começa a agir de forma suspeita. A mulher acaba descobrindo que o noivo está envolvido com os soviéticos e resolve partir atrás dele para a Alemanha oriental, atrás da cortina de ferro.
Cortina Rasgada é claramente dividido em três partes. A primeira com a mulher como protagonista, a segunda na Alemanha após a reviravolta e a terceira com a grande perseguição de suspense. Se o filme focasse apenas nas duas últimas partes seria muito melhor.
O problema é que o casal é formado pelo Paul Newman e pela Julie Andrews. É difícil acreditar que em qualquer filme o Paul Newman faria o vilão. Então, durante a primeira parte, todo o suspense relacionado às intenções do homem é falho. O que resulta em um começo chato. Principalmente com a Julie Andrews um pouco inexpressiva.
Quando chega na Alemanha é que o filme decola. Revela-se as motivações do homem e Newman toma a liderança das interpretações. O cientista precisa conseguir uma certa informação dos soviéticos para depois fugir do país. Cada passo é cheio de suspense. Ele tenta se comunicar com seus contatos, o cientista alemão o enrola, eles saem no último instante para a fuga.
No meio de tudo isso, a famosa cena do assassinato de Gromek. A melhor parte do filme, sem dúvidas. Hitchcock resolveu mostrar o quanto é difícil tirar uma vida. Coloca dois mocinhos enfrentando um vilão com mais habilidade que os dois, sem que possam fazer barulho. Do momento em que a luta começa até seu fim é uma agonia sufocante. A cena inteira é composta de inúmeros planos. Com diversos enquadramentos detalhes revelando uma faca aqui, uma mão agonizando ali. Sensacional.

Como é difícil tirar uma vida. Cena excepcional.
Como é difícil tirar uma vida. Cena excepcional.

O diretor é conhecido por considerar atores apenas gado. Eles devem sempre se encaixar em um padrão de interpretação e fazer o que o roteiro e o diretor dizem. Quando se reúne um comandante de filmes assim com um ator do “método” como o Paul Newman, surgem problemas.
Dizem que, quando Newman perguntou para Hitchcock qual a motivação dele, o diretor o orientou com “sua motivação é seu salário.” O ator disse que tentou ao máximo fazer uma boa parceria com seu diretor, mas Hitchcock detestou o trabalho dele. E como a química com a Julie Andrews não funcionava muito bem, ele reconheceu ter criado um grupo bastante colorido de coadjuvantes para dar vida ao filme.
Esse é outro problema. Os alemães parecem estereotipados. O cientista inimigo é um amontoado de piadas, por exemplo. Mas o filme ainda mantém um equilíbrio entre o constante suspense com momentos cômicos de alívio.
Cansa na primeira parte, mas quando o filme mostra a que veio, cresce bastante em qualidade.
 
ALLONS-YYYYYYY…

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