Outubro de 2020 marca o retorno de estreias comerciais muito esperadas. Longas nacionais obtiveram sucesso em cinemas drive-ins improvisados com os cuidados com a pandemia. Agora, filmes como Novos Mutantes (22) e Tenet (amanhã, 29) já estão garantidos na telona.
E tem mais por vir. Bill & Ted: Encare a Música, Jovens Bruxas: A Nova Irmandade, Trolls 2, Monster Hunter, Free Guy, Morte no Nilo e Mulher Maravilha 1984 têm lançamentos previstos para este ano. Com a volta do circuito comercial e grandes arrasa quarteirões, vale a pena ir ao cinema com a pandemia do Coronavírus?
Para a infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Joana D’arc, o ideal é se manter afastado de ambientes fechados como salas de exibição de filmes. “Temos que lembrar que cinema é um dos ambientes com riscos mais elevados de transmissão”, ressalta.
“Cinema é um dos ambientes com riscos mais elevados de transmissão”
No entanto, a opção está disponível agora. Para quem ainda pretende ir ao cinema e tentar retomar a melhor forma de aproveitar um filme, Joana dá algumas recomendações e cuidados a serem observados durante a sessão.
Cuidados dos espectadores
De um lado, há a responsabilidade do espectador. Cada pessoa deve prezar pela própria saúde e ajudar a não espalhar a doença para outros. Por isso, a primeira observação que a infectologista dá é que a pessoa não deve sair de casa de forma alguma, caso tenha confirmação de presença do vírus no corpo, ou se teve contato com alguém confirmado recentemente.
Se o espectador não teve contato e não tem indícios de ser contagioso, os cuidados comuns devem ser seguidos também no cinema:
- Usar máscara durante toda a sessão;
- Ter cuidados com higienização das mãos;
- Não passar as mãos no rosto;
- Trocar de máscara em, no máximo, 4 horas de uso;
- Não tocar a frente da máscara;
- Manter distância de pessoas com quem não estiver passando o isolamento;
- Carregar um frasco de álcool em gel de 70%;
- Se tocar em alguma superfície, limpar as mãos.
O espaço comercial de cinema, porém, apresenta outros requisitos para que o espectador evite contaminação. Para evitar filas, Joana recomenda que a compra seja feita on-line, e não no estabelecimento. E também deve-se evitar comer durante o filme, porque é preciso remover a máscara para se alimentar.
“Se a pessoa escolher comer ou beber no cinema, ela não pode colocar a máscara sobre superfícies. Pode contaminar a máscara, ou, se ela estiver doente, pode transmitir para a superfície”. Para evitar esses riscos, a especialista sugere que o espectador leve um guardanapo para repousar o objeto.
Riscos maiores no cinema
Mas os cuidados não são apenas dos espectadores, Joana salienta que as empresas de exibição têm que acatar certas medidas e notificá-las aos usuários. Por exemplo, o cinema deve disponibilizar álcool em gel para os clientes e cobrar o uso de máscaras.
“Se a pessoa escolher comer ou beber no cinema, ela não pode colocar a máscara sobre superfícies”
Um dos cuidados principais, no entanto, é com o sistema de ar-condicionado. “Uma sala fechada sem circulação de ar é um risco alto de transmissão. O melhor a fazer é instalar um sistema de filtragem de ar HEPA”, explica.
A sigla significa High Efficiency Particulate Air (ar particulado de alta eficiência, em tradução livre) é um sistema usado normalmente em hospitais e aviões que, em alguns casos, pode renovar todo o ar do ambiente em até 3 minutos. Em um avião com o sistema, o ar interno com passageiros pode ser mais seguro que fora da aeronave, de acordo com a infectologista.
No caso de Brasília, tanto a Cinemark quanto a Kinoplex fornecem álcool em gel em seus ambientes e cobram o uso de máscaras. Há ainda cuidados com higienização dos espaços, sinalização para que as pessoas mantenham-se afastadas e delimitação de poltronas que podem ser usadas.
Nos sites da duas empresas, há também informações sobre mudanças no sistema de filtragem de ar-condicionado. Mas nenhum especifica o tipo implementado. É possível cobrar essas informações das instituições no local ou por meio dos serviços de atendimento delas.
Em casos de desrespeito
Em nota, a Diretoria da Vigilância Sanitária do Distrito Federal informou que os cinemas devem seguir as normas do Decreto nº 41.170, publicado no Diário Oficial do DF em 3 de outubro. Cabe à diretoria fiscalizar os estabelecimentos. Cada usuário do cinema tem o direito de cobrar esses cuidados.
Se a rede ou o cinema local não respeitar nenhuma das precauções, o consumidor pode denunciar para a Vigilância Sanitária. Em Brasília, isso pode ser feito diretamente à Ouvidoria da Saúde, pelo 160, ou na Ouvidoria do governo local, pelo 162, ou pelo site da Ouvidoria.
A infectologista também salientou que as pessoas podem e devem chamar a atenção de outros cidadãos que não usarem máscara, que desrespeitarem o distanciamento ou que não cumprem medidas de desinfecção.
Outras opções
Para quem sente falta de ir ao cinema, mas ainda busca opções mais seguras, Joana confirma que o cinemas ao ar livre apresentam menos riscos, por ter maior circulação de ar. Há poucas opções, como o Cinema Drive-In de Brasília.
Mesmo neste caso, deve-se manter distância de desconhecidos. E nunca dividir o carro com pessoas que não façam a quarentena na mesma casa. Até amigos e conhecidos podem ser uma chance de contaminação.
Para os que buscam filmes novos, mesmo que não no cinema, há novidades em stream lançadas constantemente. Filmes como Scoob! ou outros lançamentos nacionais podem ser alugados ou vistos em serviços como Netflix, Prime Video, Now, Apple+ e Netmovies. Além de streams gratuitos em festivais que ocorrem por todo o mundo.
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