“Que roteiristas preguiçosos” – Pool, Dead. Deadpool 2 é um filme que, assim como seu antecessor, tem o privilégio de poder ousar em soluções de roteiro ou seguir pelo mais básico e clichê possível. Pois a essência do nosso anti-herói justamente faz com que ele tire sarro ou faça piadas que, elas por elas, justifiquem os acontecimentos. Só pedimos coerência com o universo e diversão.
Depois de um incidente inesperado na vida de Deadpool (Ryan Reynolds) e de ter problemas ao tentar se tornar o estagiário dos X-mens, o anti-herói agora se vê na obrigação de tomar conta de um adolescente de 14 anos (Julian Dennison). O que ele não esperava era que Cable (Josh Brolin), um ser humano ciborgue que veio do futuro, estaria atrás do garoto para matá-lo.
Ponto muito positivo para a publicidade do longa que conseguiu produzir milhares de produtos diferentes referentes à Deadpool 2 (como trailers, casers, instalações) sem entregar nem ¼ do que espera o espectador nas salas de cinemas.
Logo com 10 minutos de filme temos uma surpresa em tela. Um acontecimento que serve como o gancho para existir a trama de um segundo filme. De fato, é um grande acerto apresentar isso de forma rápida e mesclada com cenas de ação bem coreografas, com movimentos simples de câmeras que não confundem espacialmente o que está em tela e com a presença de muito humor nos diálogos e trejeitos de Pool.
Entretanto, os 20 minutos seguintes dessa surpresa, o filme repete o mesmo erro do seu antecessor, uma perda considerável de ritmo e uma certa demora para retomar. No primeiro filme da franquia, existia a desculpa de um desenvolvimento de personagens inéditos no cinema e de uma história de origem, em Deadpool 2 não podemos relevar esse problema com os mesmos argumentos.
São 20 minutos sem desenvolver nada relevante para a história, com um certo excesso de repetição de piadas de mesma origem. Este período se encerra no momento em que Cable é apresentado.
A retomada do compasso frenético de novo acontece com uma cena de ação extremamente cômica e com novos diálogos e piadas lançados dentro de uma prisão. Vale ressaltar que esta continuação foi feita para atingir um público maior e menos especifico com toda certeza.
As piadas ou referências não ficam presas apenas ao universo jovem da cultura pop, há um certo saudosismo dentro da própria cultura. Atingindo, desta forma, um público já mais velho, além de possuir gozações relacionadas a experiências de vidas que qualquer pessoa com mais idade já vivenciou.
Em momentos mais preguiçosos do roteiro, que acontecem justamente na hora de expor um pouco o arco por trás dos novos personagens, Deadpool lança a piada “Roteiristas preguiçosos”. Mas, como essa metalinguagem faz parte do universo e acontece duas vezes em todo o filme em situações similares, não soa como forçada de barra por uma real falta de criatividade dos roteiristas.
Embora pudessem explorar melhor a motivação e o passado do vilão, principalmente nos 20 minutos desnecessários já citados aqui na crítica. Desse melhor aproveitamento do passado do vilão poderia, inclusive, surgir um forte gancho para uma continuação.
Existe a presença de um vilão secundário que a CGI usada chega a incomodar, especialmente no momento em que existe uma briga desse personagem com o Colossus (Stefan Kapicic).
Para finalizar, não podemos esquecer de citar que as cenas pós créditos são extraordinárias, contendo grande saudosismo com o universo Reynolds e X-Men. Além de corrigir erros e manter um leque extenso aberto para a continuação.
Deadpool 2 potencializa os acertos existentes e peca, ainda assim, em erros também cometidos pelo seu antecessor. Traz um enredo mais despreocupado e menos clichê, mas que, nitidamente, a diversão dos diálogos e das cenas de ação se mantém como principal foco da franquia.