Na grande fábrica de filmes que existe em Hollywood, cada nicho ganha a própria linha de produção. Para as crianças existem as animações e trabalhos com foco em aventuras de meninos brancos de classe média que se sentem incompreendidos em um mundo adulto. O segundo tipo tem se tornado cada vez mais raro, mas encontrou representação com a franquia Diário de um Banana, que conta com 11 livros e, agora, quatro longas.
Um ano após a história do filme anterior, um vídeo em que Greg (Jason Drucker) é ridicularizado viraliza na internet. Para tentar melhorar a imagem pessoal, ele pretende aparecer em uma publicação de um youtuber famoso, mas a filmagem é do outro lado do país. Então ele aproveita uma viagem com os irmãos e os pais para tentar chegar a uma convenção em que o ídolo estará.
Não tem nada de novo aqui. Greg se sente injustiçado com todo mundo da família por motivos diferentes e tudo na vida dele é feito para criar empatia em crianças. O que é usado para passar as lições do filme ao mesmo tempo em que faz os menores se divertirem com várias cenas de comédia pastelão.
Os pais (Tom Everett Scott e Alicia Silverstone) querem o bem dele, mas o impedem de fazer diversas coisas que ele gostaria, o irmão adolescente mais velho o trata mal e o caçula bebê recebe toda a atenção e mimo dos adultos. O protagonista se encaixa em todos os clichês de angústias infantis, o que aumenta a possibilidade de qualquer menino de classe média (que tem dinheiro para pedir aos pais pelos livros ou pelos filmes) se identificar.
Mas o autor da franquia, Jeff Kinney, também usa outro recurso para que os jovens se identifiquem. Ele coloca Greg sempre em situações de risco para a vida social, mas as tentativas de não passar por ridículo são minadas pelos cuidados dos pais. Neste filme, a mãe impõe a viagem sem saber que impede o filho de conseguir algo importante. Da mesma forma, ele não compreende como a magoa ao não cooperar.
Como em todo filme feito para crianças do tipo, a fotografia apenas ilumina tudo. A direção de arte é cheia de cores fortes e vibrantes. O pai só usa camisas sociais ou com gola pólo. A mãe vestidos leves e o irmão mais velho camisas de rock, como da banda Avenged Sevenfold, que tende a fazer sucesso com adolescentes. Eles são o estereótipo de família suburbana estadunidense.
Também é preciso levar em consideração o cuidado dos diretores em criar empatia para os pais das crianças que serão obrigados a acompanhar os filhos ao cinema. A começar pela escolha de Everett Scott e de Silverstone como os pais. Os dois eram representantes da rebeldia adolescente no início dos anos 1990 e serão reconhecidos justamente pelas pessoas em idade de ter filhos interessados em Diário de um Banana.
Em certa cena, os dois colocam uma música das Spice Girls para tocar e os filhos reclamam que é música de velho. É um golpe na nostalgia dos pais (e deste crítico também), que vão se identificar com as frustrações dos personagens adultos e depois também serão acalentados com as lições finais de união familiar.
Famílias de classe média vão adorar. E são apenas eles. Não tem profundidade, nem divertimento para mais ninguém. Como o público-alvo é o que tem como investir dinheiro, deve fazer tanto sucesso quanto os filmes anteriores e os livros.