Duna (2021) é a mais recente adaptação para o cinema do celebrado romance de Frank Herbert. Dirigido por Denis Villeneuve, a adaptação possui um elenco de estrelas que inclui Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Zendaya, Stellan Skarsgard, Javier Bardem, Jason Momoa e outros.
A história de Duna apresenta um universo intergaláctico onde uma família é designada a comandar um planeta desértico de grande potencial econômico onde uma longa batalha entre a população local e os estrangeiros é travada.
Talvez seja impossível falar sobre o longa de Villeneuve sem ao menos mencionar o histórico que Duna possui dentro do cinema. Desde uma tentativa de Jodorowsky que nunca foi realizada, passando por um esforço frustrante de David Lynch e uma minissérie na TV, o romance de Herbert é dito por muitos como “infilmável”.
Com essa nova empreitada, o diretor canadense busca desfazer essa ideia e corrigir erros de seus antecessores. Em parte essa ingrata tarefa de Villeneuve parece bem sucedida. Cinematograficamente um espetáculo audiovisual, Duna é uma ópera espacial com toda a pompa e circunstância.
Escala ampliada
Ampliando em muito a escala do que já vimos em outras obras do diretor como “A Chegada”, a construção de espaços é potente e o vislumbre na grande tela impressiona. A composição musical de Hans Zimmer colabora para essa construção imponente, sendo até mesmo intencionalmente opressora e agressiva.
Existe uma minuciosa atenção aos detalhes e a narrativa contemplativa deixa muito espaço para essa apreciação. Por vezes esse tempo prejudica o ritmo do filme que, com seus 155 minutos de duração, não é exatamente conciso.
Em relação a ritmo e narrativa, temos aqui um grande problema em Duna. Na cartela inicial se lê “Duna primeira parte” o que, para os desavisados, vai deixar um gostinho amargo. Em meio a tantas sagas e universos cinematográficos, a ideia de uma grande epopeia que se encerrasse em um capítulo único era muito tentadora mas não vai acontecer aqui.
Após um primeiro ato muito sólido e um desenvolvimento interessante, o filme se arrasta para um terceiro ato sem forma, sempre construindo uma tensão que nunca se concretiza pois deve ser o tema de uma eventual “Segunda parte”. Um final não digno da construção realizada.
Nas dunas, mas com elenco estelar
Outro aspecto que precisa ser mencionado em Duna é seu elenco estrelado. Com grandes nomes de peso, Duna aproveita muito bem os talentos de alguns de seus nomes, com grande destaque a Rebecca Ferguson e Timothée Chalamet. O duo central de mão e filho que move a trama possui excelente química nas telas.
Alguns nomes pouco aproveitados são Javier Bardem, Stellan Skarsgard como o ameaçador Barão Harkonnen e especialmente Zendaya, que figura toda a campanha promocional do longa com lugar de destaque mas está pouco presente na tela, e com ainda menor impacto narrativo.
Duna é grandioso. Tudo nele remete a essa sensação de grandeza. Até mesmo as disputas narrativas que envolvem casas conflitantes, política, religião e interesses econômicos parecem mundanos, revestidos por essa capa de epopeia intergalática monumental. Será suficiente para garantir o sucesso necessário para o sinal verde para a segunda parte? Provavelmente sim. Suficiente para provar que a adaptação bem sucedida do romance é algo impossível? O tempo (e a parte dois) dirá.
Duna (Dune – 2021)
Prós
- Espetáculo audiovisual
- Construção sólida e interessante
Contras
- Ser uma “primeira parte” da história completa
- Segundo ato arrastado