Já tem alguns anos que os tais Escape Games (ou Escape Rooms como são chamados neste filme) têm feito muito sucesso. Vindos dos Estados Unidos, os jogos que buscam imergir os usuários em 60 minutos de quebra-cabeças divertem e causam certo fascínio. Não é surpresa que eles tenham ganhado o cinema.
Nada mais apropriado para a típica trama com grupo de estranhos que precisam escapar de uma armadilha sem saber porque foram colocados naquela situação. A diferença aqui é que os seis desconhecidos são chamados para participar do jogo com a chance de ganhar U$ 10 mil caso sejam os vencedores.
Enquanto escapam de salas consecutivas, eles começam a perceber que a consequência para a falha é a morte. Primeiro numa sala de fogo, depois numa de gelo, e por aí vai. Os fãs de filmes de terror remeterão rapidamente à famosa trilogia Cubo.
Aos poucos, pistas de uma trama maior aparecem. Um casaco que lembra Jason (Jay Ellis) de um evento passado. Uma sala de cabeça para baixo faz com que Zoey (Taylor Russell) lembre de como sobreviveu a um acidente de avião. Ao mesmo tempo, o espectador pega pequenas incoerências e problemas que indicam os inúmeros problemas de roteiro.
Começa com as péssimas introduções. A primeira cena já indica uma penca de mortes e reviravoltas que virão no decorrer da trama. Depois, apenas três dos seis estranhos recebem cenas de apresentação. O que indica que eles são os protagonistas, enquanto os outros servem apenas como vítimas potenciais do jogo.
Então os diálogos revelam a falta de personalidade de cada um. Danny (Nick Dodani) é só um nerd chato, Ben (Logan Miller) é só um viciado em drogas e Mike (Tyler Labine) é só um tiozão chato sem importância na vida das pessoas ao redor dele. Tantas inconsistências nos personagens levam o espectador a não se importar com ninguém, o que tira a dramaticidade e a sensação de perigo das cenas.
O que resta são cenas inventivas em que os quebra-cabeças os ameaçam, graças à direção de arte elaborada e esperta. Mas com soluções aleatórias que eles parecem adivinhar como por mágica, sem muita lógica. Além disso, várias das soluções quebram as regras que foram apresentadas antes pelo filme. Não há uma narrativa entre as salas, e várias das pistas são desconexas.
Quando chega ao fim, a resolução é coerente com todos esses problemas. As razões pelas quais ele foram levados lá e os ganchos para continuações parecem invenções de vilões de desenhos animados infantis, como o garra, do Inspetor Bugiganga.
Apesar da inventividade, que conduz o espectador pelo segundo ato, o texto ruim e os personagens sem graça fazem com que a sensação seja de que não passe de um filme sem peso que não empolga e que será esquecido assim que se pisa fora da sala de cinema.
Meu Deus, que critico mais amargurado. O filme tem suas qualidades e pontos positivos também, assim como seus defeitos.