Gêneros de filmes podem ser muito limitantes, mas servem para nossos cérebros programados para encontrar e seguir padrões. No entanto, quando alguém resolve inovar e brincar com misturas, é preciso se desligar de algumas regras para conseguir aproveitar uma produção. Ainda mais quando o Raoul Walsh faz uma adoração como neste Eu e Minha Pequena.
Inicialmente, a história do policial grosso de bom coração Danny Dolan (Spencer Tracy) enquanto lida com cuidado com diversas situações nas ruas é claramente uma comédia. Até que ele conhece a garçonete Helen (Joan Bennett) e o romance se apresenta. No entanto, a irmã dela vive um drama policial seríssimo quando um ex-namorado gangster reaparece depois de tempos na prisão.
Aos poucos, o enredo menor cresce e, nos menos de 80 minutos de filme, tudo se mistura. Não dá pra dizer que ele é um, outro ou todos porque Walsh usa de características de cada para fazer algo que escapa a eles. Ele quer prestar homenagem aos brutos gentis. Dolan é quase uma representação de um ideal masculino.
O que certamente envelhece mal nos quase 90 anos desde que o filme foi lançado, mas não impede que o filme continue divertido e rápido. Entre joguetes bobos para construir a relação de Dolan e Helen, há cenas ainda engraçadas, como o diálogo de duplo sentido no primeiro encontro dos dois. E os dois atores clássicos parecem saber que a produção é uma fantasia feita para divertir, porque soltam as falas quase sem pretensão. São estereótipos, e os interpretam como isso mesmo.
Outra coisa curiosa do filme é como ele constantemente trata o álcool como algo divertido a ser buscado e admirado pelos personagens. No entanto, em 1932, a venda e o consumo do produto era ilegal. Ou seja, a produção fazia apologia às drogas ilícitas. Só por isso já merece ser lembrada. Infelizmente, é extremamente difícil de encontrar.