Já virou papo popular. Games adaptados para o cinema nunca dão bons filmes. É um daqueles tópicos fáceis de conversa hoje em dia. As pessoas brincam de lembrar dos péssimos filmes adaptados da mídia de jogos eletrônicos, às vezes também brincam de lembrar dos jogos adaptados de filmes e depois expõem suas teorias acerca dos porquês.
Dessas discussões surgem as mais variadas explicações. Já vi gente dizendo que jogos são focados em desenvolvimento de personagens enquanto o cinema se foca em histórias. Há quem diga que filmes vindo de games se focam apenas no visual e não se importam com roteiros. Eu acredito que cada caso de filme é ruim por seus motivos específicos.
Até o dia presente, já houveram 28 filmes adaptados de videogames. Dentre os quais, considero apenas 19. Os outros nove envolvem filmes que nunca foram lançados no cinema ou filmes que foram dirigidos pelo Uwe Boll. Além de filmes que foram tão esquecíveis que eu nem lembrava que já existiram, como Wing Commander (se você sabe de que filme estou falando, já se arrependeu de ter lembrado).
Desses 19, seis são da franquia Resident Evil, quatro viraram resquícios cult da década de 1990, outros são animações realizadas por japoneses e oito envolvem atores e/ou diretores de renome envolvidos em produções problemáticas. Então vamos aos quatro tipos.
1 – Resident Evil: Paul W. S. Anderson já havia cometido Mortal Kombat, um filme que é mais reflexo de seu tempo que uma obra por si só, quando fez Resident Evil. Diretor do interessante Enigma do Horizonte, ele pegou a trama de filme b do jogo, que agora é clássico, e fez uma espécie de filme b com orçamento alto. Literalmente, o roteiro é uma transgressão ao bom gosto com o melhor que os efeitos especiais poderiam fazer na época. Depois dele, a série teve continuidade com mais quatro continuações e uma animação que não estava relacionada com os live-action. A cada filme, pior foi ficando. Chegando ao extraordinário clímax do quarto filme, no qual uma sequência de ação rende mais risadas involuntárias que qualquer outra coisa. O sexto filme está em produção.
2 – Década de 1990: A primeira adaptação de um videogame para os cinemas foi Super Mario Bros em 1993. O filme pegou pequenos conceitos do jogo que já era nonsense, abandonou toda a caracterização original e fazia brincadeiras pulp a la Flash Gordon e Indiana Jones. Sem o equilíbrio entre a brincadeira e a seriedade que tornaram o estilo famoso. A década de 1990 é um resquício dos excessos de 1970 e 1980. Mario é um filme de excessos absurdos, assim como Double Dragon, Street Fighter e Mortal Kombat. Brincadeiras demais fora de contexto, cenas estúpidas com carros impulsionados a jato, gangues com esconderijos cheios de grades, neon e muito vapor para todos os lado.
3 – Animações japonesas: Os filmes que se encaixam nesta categoria são realizados diretamente pelos criadores dos jogos originais. Final Fantasy, Resident Evil: Degeneração Final Fantasy 7: Advent Children e todos os filmes desenvolvidos a partir destes. São animações em computação gráfica que, de narrativa fílmica não têm nada. Eles usam basicamente a linguagem visual dos jogos e nada de cinema. Os resultados são catastróficos e deviam ser parcialmente esquecidos. Porém, o primeiro filme Final Fantasy é até decente, não fosse o fato de que não tem nada em comum com o material original. Não agrada os fãs e é esquisito para os padrões de cinema. O roteiro ainda é bacaninha, apesar de abusar de conceitos espirituais.
4 – Grandes nomes, produções ruins: Grandes franquias de jogos chamam a atenção de gente graúda da indústria. A grande representante feminina dos jogos atraiu a grande representante feminina dos cinemas. Angelina Jolie passou vergonha com os dois Tomb Raider. O primeiro teve o bom roteiro picotado pelo estúdio e o segundo foi apenas um exercício de ego da atriz, que ditava as cenas de ação que estariam no filme. Um pouso ridículo da personagem de paraquedas dentro de um jipe foi feito apenas porque Jolie queria fazer a manobra. Dwayne Johnson (o menino conhecido como The Rock), Rosamund Pike e Karl Urban trocaram os pés pelas mãos ao se meter com Doom. Silent Hill acerta no tom e na história, mas é um pouco extenso demais e a fidelidade excessiva ao material original impediu que o filme do cineasta Christophe Gans com os ótimos Sean Bean e Radha Mitchell fosse realmente memorável. Hitman é uma mancha nas carreiras do Timothy Olyphant e da Olga Kurylenko, que também passou vergonha em Max Payne, ao lado do Mark Wahlberg e da Mila Kunis. Princípe da Pérsia é legalzinho graças ao diretor oscarizado Mike Newell, ao produtor explosivo Jerry Bruckeheimer e aos carismas de Jake Gyllenhaal e Gemma Arterton. E Need for Speed é a brincadeira divertida, mas estúpida de Aaron Paul, que merece mais como ator.
O Futuro: A esperança é a última que morre. Os anos 1990 contaram com apenas cinco adaptações. Desde 2003, a cada dois anos, dois filmes de games são lançados. O ritmo não deve diminuir com o tempo. Mais animações feitas pelos realizadores dos jogos estão vindo. Heavenly Sword está marcado para o final deste ano, assim como Sly Cooper e Ratchet and Clank deverão ver a luz do dia até 2016. Alguns já tem expectativas negativas pelo conceito, como o remake de Hitman (que deve chegar ano que vem), Just Cause e o novo reboot de Mortal Kombat. Mas alguns levantam boas perspectivas. The Last of Us já se assemelhava mais com um filme na versão jogável e está sendo roteirizado pelo próprio criador do jogo. Uncharted promete uma aventura pulp a la Indiana Jones. Assassin’s Creed e Splinter Cell estão sendo supervisionados pela Ubisoft, produtora do jogo, e por seus astros que já assinaram contrato, Michael Fassbender para a franquia dos assassinos e Tom Hardy para a de espionagem. Além destes, outros grande nomes prometem. Tomara que alguém comece a acertar.
FANTASTIC…