Chegou aquele momento que aparece entre cinco e dez anos de ciclo. Mudou a geração de videogames, os Playstations 3 e os Xbox 360 rodaram, certo? Ainda não. Na hora em que as grandes marcas tentam a todo custo forçar os novos videogames sobre os consumidores, vale a pena olhar para os jogos que ficaram perdidos na geração anterior. Dentre os vários jogos que ainda não joguei, chegou a vez da franquia Assassin’s Creed, começando pelo segundo da série.
Assassin’s Creed acompanha uma batalha entre duas irmandades secretas através da história sob o ponto de vista de pessoas em tempos atuais. Os templários e os assassinos batalham pelo controle de objetos misteriosos, chamados de Pedaços de Éden, que lhe dão poder sobre a mente das pessoas. Para descobrir os episódios dessa guerra no passado de forma factual, as pessoas nos dias de hoje usam uma máquina através da qual conseguem passar pelas experiências de seus antepassados longínquos.
No primeiro jogo, um barman chamado Desmond é sequestrado pela Abstergo, uma grande empresa, e é forçado a passar pela máquina revivendo as memórias de Altair, um antepassado da época das cruzadas. Ao longo do jogo, a história de Altair revela onde ele escondeu um dos Pedaços de Éden.
O segundo episódio da série começa com Desmond sendo salvo da Abstergo por uma assassina infiltrada chamada Lucy. Ela o recruta para o clã e revela que a empresa é dos templários. Ele aceita se tornar um assassino, mas para ganhar as habilidades do clã tem que reviver a vida de outro antepassado, Ezio Alditore. Ezio viveu na Itália durante a Renascença e teve de aprender durante toda a vida as artes e perícias de ser do grupo secreto. Enquanto revive os aprendizados de Ezio, porém, Desmond acaba descobrindo outros segredos sobre os Pedaços de Éden na vida do italiano.
A arquitetura da Itália garante o esplendor da Renascença.
Videogames são complicados. Principalmente um como Assassin’s Creed que pretende fazer muitas coisas ao mesmo tempo por jogo. A história no presente envolve um grande mistério de ficção-científica que passa por uma reviravolta constante. Se o primeiro revelou a existência dos Pedaços de Éden para os fãs, este segundo revela uma porrada de coisas a mais. A origem dos objetos, quem os criou e até mesmo o por quê. Mas com cada resposta surge uma nova pergunta. Descobrir esse número complexo de peças de quebra-cabeças é algo que me motiva fortemente a continuar jogando a série. Tenho bastante certeza que a resolução final da franquia, que os criadores admitem já saber e ter planejado, não vai ser nada demais. Ainda assim, juntar as peças é sempre mais divertido que observar a figura que será montada no final.
Além do mistério na trama que se passa em tempos modernos, existem as histórias fechadas dos antepassados a cada jogo. Altair teve um ciclo bobo e repetitivo, mas com Ezio, a trama ficou muito mais elaborada com uma jornada de vingança. Ezio faz parte de uma família nobre de Florença e passa a juventude curtindo a cidade ao máximo. Participa de brigas de rua e conquista as moças locais. Até que seu pai e seus irmãos são mortos em um golpe político. O italiano foge da cidade com a mãe e a irmã e resolve buscar vingança contra os conspiradores. Mas o golpe é maior do que ele poderia imaginar, levando direto ao trono papal. A história fechada de Ezio dentro deste jogo é envolvente e o carisma do personagem garante interesse do jogador até o confronto final. O conflito vai ser importante tanto para a história de Desmond, como para a lição a ser aprendida pelo próprio florentino.
Os retornos ao passado oferecem a oportunidade de tratar de conceitos históricos de maneira muito divertida. Aqui, o jogador pode passear por diversas cidades emblemáticas da Itália renascentista, Veneza, Florença, Toscana e um trecho curto de Roma. Nada extremamente realista, mas com direito a diversos marcos históricos importantes e parte da releitura do mapa das ruas locais. Para muitas pessoas, é o mais próximo que alguém vai chegar dessas cidades e de seus monumentos. Além das cidades em si, os momentos culturais colocam diante dos antepassados de Desmond grandes nomes da História. Os da vez são Leonardo da Vinci, Maquiavel e o papa Rodrigo Bórgia.
Ezio voa sobre Veneza com uma invenção de da Vinci.
Mas um jogo precisa ser jogado. Para fazer com que a história de Ezio possa ser contada em um videogame, Ezio é um praticante extremo de Parkour. Então o jogador não apenas conhece marcos históricos, ele ainda pode escalá-los e até invadi-los. O mundo da Itália antiga é aberto para o espectador como um playground além das missões principais da história. As missões envolvem descobertas sobre os segredos dos templários e assassinatos às escondidas. O ritmo é gostoso, garante a diversão e faz com que não sejam raras as noites passadas em claro apenas porque continuar jogando é mais divertido que dormir.
Foi uma boa surpresa dentre os jogos esquecidos da biblioteca do Playstation 3. Além dele ainda tem mais quatro jogos da franquia, sem contar com os novos que vão sair no final deste ano. A série ainda parece estar longe de terminar, se mantiver a qualidade deste segundo, vai continuar muito divertida.
GERÔNIMOOOOOOOO…