Essa foi uma surpresa em todos os sentidos. Sou um grande fã do jornalista de games, Caio Corraini. Ao acompanhá-lo percebi que ele, com alguma frequência, indicava Gunpoint, um jogo independente realizado por outro jornalista da área dos Estados Unidos que apenas experimentava para ser um crítico melhor da área.
O jogador controla Richard Conway, um detetive particular que recém adquiriu um sobretudo que lhe permite cair de grandes alturas sem se machucar. No dia em que recebe a peça de roupa, uma de suas clientes é assassinada. À princípio, ele deve limpar as pistas que indicam que ele foi o assassino, depois começa a seguir pistas que revelarão o verdadeiro criminoso.
A jogabilidade se divide em duas partes. Uma interação com “clientes” que lhe passam as missões e as missões em si. Os diálogos abrem diversas opções de respostas para o jogador. No começo parece apenas escolha entre piadas, mas aos poucos as escolhas passam a influenciar na história, o que leva a diversos finais diferentes. As missões envolvem cálculo de pulos do personagem, interação com inimigos nas fases e controle de fiação elétrica.
Jogabilidade envolve estratégias para navegar pelos cenários.
A indústria de videogames passa por uma fase muito interessante em que os desenvolvedores de jogos aprendem a cada dia coisas novas sobre a mídia para a qual produzem. Vale lembrar que os jogos eletrônicos são uma arte nova e como toda arte as técnicas se aprimoram com o tempo. Games possuem capacidade de contar histórias com o diferencial de que o apreciador interage. E Gunpoint faz algo extraordinário que muitos jogos de grande orçamento não conseguem. A narrativa de estrutura complexa dialoga plenamente com a jogabilidade.
Não é raro através das poucas horas para conseguir o primeiro final de Gunpoint se pegar refletindo acerca das decisões e efeitos. Em certo ponto da história, Conway é contatado por uma mulher inocente que foi incriminada pelo assassinato. Uma das formas de libertá-la é se entregar, mesmo que ele também não seja o culpado. Fica a cargo do jogador fazer as escolhas relacionadas. O problema é que tais escolhas tem consequências e muitas delas envolvem peso na consciência.
Diálogos parecem apenas cômicos, mas são repletos de ramificações.
Quantas vezes a pessoa vai ter a oportunidade de se sentir culpado ao assistir um filme, ler um livro ou ver uma pintura. Apenas quando os artistas chocam os pontos de vista dos apreciadores. O que o jornalista Tom Francis faz aqui é dar um grupo de escolhas ruins para o jogador. Para que haja alguma chance de conseguir pegar o verdadeiro culpado, pessoas inocentes terão que ser sacrificadas, para que ninguém pague pelo crime, o sacrifício terá de vir do próprio Conway.
A jogabilidade envolve uma série de puzzles. Conway precisa invadir instalações hackeando os sistemas elétricos. Ele pode fazer um interruptor abrir uma porta para entrar escondido assim como pode entrar por uma janela e resolver os problemas através da violência. Existe escolha até na forma como ele interage com a jogabilidade de ação.
Gunpoint está disponível na Steam por menos de vinte reais. Apesar de ser curto para conseguir apenas um final, ele permite fazer muito mais coisas e aumentar o tempo de jogo. Compre e passe por essa ótima experiência pessoal.
ALLONS-YYYYYYYYY…