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Free to Play

dota2

Free to Play é um documentário que está, ironicamente, de graça para dar play. O filme foi assistido no youtube em qualidade FullHD. Também está disponível para baixar completo na loja digital da Valve, produtora e distribuidora da produção. Tudo por um motivo um tanto quanto óbvio. O filme também é uma propaganda de um produto da Valve.

A produção acompanha três competidores do International, um torneio do jogo Dota 2 com as melhores equipes do mundo. Este campeonato em especial ganhou destaque pelo valor de seu prêmio. A equipe vencedora levaria para casa um milhão de dólares. Era o grande reconhecimento global do valor tanto dos chamados e-sports quando do próprio Dota 2 dentro dos e-sports.

Buscando fazer o filme mais tocante possível, os realizadores foram atrás dos três concorrentes com as histórias mais comoventes. Um está no campeonato sacrificando um ano de seus estudos a contragosto da família. Outro é um dos jogadores mais velhos e experientes do jogo. O terceiro é um russo jovem que usa o Dota 2 como válvula (mais uma ironia) de escape para a morte de seu pai.

Não é preciso muito tempo de filme para perceber que o objetivo do documentário é tratar do preconceito que se tem contra a profissão de jogador, contra os e-sports e ao mesmo tempo fazer uma propaganda de Dota 2. Cada um dos jogadores para quem o filme dá destaque sofre algum tipo de preconceito vindo da própria família e testemunha sobre o valor do jogo em suas vidas.

Como um fã de videogames, já tive acesso a notícias relacionadas aos e-sports. São pessoas que passam horas de seus dias jogando e estudando estratégias dos joguinhos eletrônicos. Os mais famosos, populares e reconhecidos são os de luta, como Street Fighter. Mas torneios com jogos de outros estilos também vem se tornando bastante populares.

Nossa sociedade ainda não vê videogames como nada além de jogos de criança. Mesmo quando temos pessoas que se esforçam mais que muitos trabalhadores e artistas. Principalmente com os níveis de pressão psicológica aos quais são expostos. Não é nada muito diferente do que vemos jogadores de esportes físicos enfrentando em suas rotinas.

Um dos protagonistas, Benedict Lim (ou HYHY, seu nome no jogo), sofre pressão de toda a família. Pai, mãe e tios cobram constantemente que ele deveria parar de brincar no computador para estudar e arrumar um emprego decente. A única pessoa que já o apoiou foi uma ex-namorada, por quem ainda guarda um grande carinho. Seu objetivo é ganhar para manter a carreira de jogador e também criar coragem para retomar contato com a garota.

HYHY, escolhas de carreira e amor.
HYHY, escolhas de carreira e amor.

Já Fear, nome de jogo de Clinton Loomis, foi abandonado pelo pai quando ainda era criança. Junto com o irmão, descobriu os esportes. À medida em que cresciam, um se focou em esportes físicos e o outro em esportes eletrônicos. Como Loomis esteve nas competições desde o princípio, é um dos jogadores mais velhos e experientes. Por causa dos esforços no Dota 2, ele foi expulso de casa pela mãe. Ainda assim, seu único objetivo de vida é ser um jogador profissional do jogo.

Fear, amor pelo jogo.
Fear, amor pelo jogo.

O trio fecha com Dendi, codinome de Danil Ishutin. Um russo que cresceu muito ligado ao pai. O câncer levou o parente embora. Embora a família não compreenda a necessidade de se envolver com o jogo, Dota 2 serviu como fuga para ele.

Dendi, fuga das tragédias pessoais.
Dendi, fuga das tragédias pessoais.

Na representação das histórias surge o primeiro problema. O filme conta histórias demais. Fica confuso entender o que aconteceu com qual dos três em cada momento. E os momentos em que resolve mostrar suas histórias pessoais não fazem muito sentido. O passado de Dendi só é revelado nos últimos minutos, quando toda a simpatia já havia sido conquistada pelos outros dois.

As partes sobre o jogo também são problemáticas. Eu não entendo de Dota, então esperava que o filme ao menos o explicasse o suficiente para que eu entendesse as jogadas dos torneios. Mas isso não é feito e as cenas das disputas só são compreensíveis porque vemos os jogadores comemorando ou ficando tristes. Então, quando estão em combate, o filme não prende a atenção.

Existem muitos bons momentos, como a cena de uma das mães percebendo através de um artigo sobre seu filho como existe arte na forma como ele joga. Ou a cena em que HYHY percebe que uma das razões pelas quais começou a fumar foi a perda da ex.

O filme faz um bom trabalho em ser todas as coisas que propõe. Infelizmente é impossível tirar a impressão de que é propaganda de uma empresa que tem muito a ganhar com a imagem passada. É uma boa forma de explicar o que é o mundo do e-sport.

 

FANTASTIC…

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